Antes era muito mais fácil falar de amor. Quando digo "antes" me refiro à dez anos atrás, quando tinha sete. Amor era aquele sentimento que levava as pessoas a se casarem, terem filhos, e morrerem com a mesma aliança que colocaram pela primeira vez no anelar da mão esquerda. Amor era o ápice de tudo, era simples... era amor. No entanto, os adultos sempre complicavam isso, dizendo repetidas vezes que "não é tão simples assim, quando você crescer você entenderá". E então eu cresci, não no sentido literal como podem ver, mas no sentido figurado: amadureci. Aprendi finalmente que, realmente, os adultos complicam tudo. Vejam só como o mundo é estranho: agora, amor quer dizer compromisso, mas ele vem acompanhado de ciúme, posse, e tantos outros sentimentos que não faziam parte dessa definição. Nem no dicionário amor é só amor; é favor, compaixão, misericórdia. O inusitado é que os adultos não sabem - de verdade - o que é amor, ou fingem isso tão bem para não precisarem admitir que estão amando. Quando admitem... bem, provavelmente é porque não sabem o significado de tal, já que muitos acabam se encontrando às escondidas com algum(a) qualquer que lhe oferece o corpo sem nada em troca - ou talvez pelo falso sentimento de pertencer à alguém por uma noite. Sejamos realistas, quem ainda sabe o que é amor? Quantos ainda tem esperança de serem amados de verdade? Aposto que poucos. E para esses - nós -, boa sorte! Porque é do que precisarão. Entretanto, talvez seja mais fácil virar um desses adultos normais que não sabem bem o que é o amor. Mentir um amor não deve ser tão difícil assim. Provavelmente doerá menos. Por qual outro motivo pensariam de tal maneira?
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