- Eu te segui pelos lugares mais escuros, entre escombros e ruínas. Sem me importar com as assombrações que eu encontraria ou pesadelos que eu teria.
- Por que você me seguiu? Eu nunca te vi nos borrões deixados para trás.
- Me pergunta "por que" depois de todas aquelas frases cantadas no meu ouvido?
- Cantadas?
- Sim, elas soavam como melodias no meu coração.
- Melodia era a sua voz para o meu ouvido até o dia em que você saiu do ritmo. Entrou em um compasso diferente, outra dança, outro par.
- Talvez a culpa fosse da sua música que não falava mais de amor.
- Você poderia ter trocado o disco, tocado a sua música. Eu entraria na sua dança, ou pelo menos tentaria.
- Eu tentei, mas sua obsessão pelo sucesso do momento desvaneceu qualquer som que eu pudesse emitir.
- Talvez eu tenha mesmo sufocado a sua tentativa de emitir qualquer som.
- E por que você deixou que esse abismo aparecesse entre nós?
- A culpa foi só minha? Você poderia ter gritado mais alto. O abismo apareceu porque deslizamos para lados diferentes.
- Esqueceu da parte em que você sufoca minha tentativa de emitir qualquer som?
- E se eu estiver me referindo a uma apenas, e as outras?
- Talvez minha voz não tenha alcançado o tom do seu violão.
- Se eu mudar meu ritmo você canta comigo de novo?
- Se eu cantar contigo de novo você promete ouvir meus murmúrios mais discretos?
- Prometo tentar, mas caso eu não ouça, você grita dessa vez?
- Você já arranhou meu disco a primeira vez. Minha música já está desgastada, não sei se aguentaria gritar novamente.
- Se eu disser que foi pela sua falta que eu mudei de tom... É difícil lutar sozinho, se mostre mais. Você mesma disse que anda entre as sombras, pelos escombros. Eu tentei de novo, você não se arriscou com um sim, me dando sua indecisão novamente.
- Sou assim, quando o álbum acaba, aperto o repetir e esqueço de ir para o próximo. Por que não damos um replay na nossa história?
Alethéia Skowronski e Thais Katsumi.
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