Quando muito pequeno, tinha um sonho muito grande. Não era o de ser médico ou advogado. Era apenas conhecer minha cidade. No pretérito porque agora tenho medo.
Explicarei...
Foi numa tarde em que eu esbarrei em um garoto qualquer. Sem hesitar pedi desculpas oferecendo minha mão amiga, mas diferente de como pensei que ele reagiria, ele olhou torto e perguntou de que mundo eu era. De que mundo eu era? De um mundo melhor que o dele, pensei.
Aquilo não sairia da minha cabeça, se não fossem aquelas vozes desconexas que vinham de fora. Vozes estressadas, e gritos e... Tiros! Sentia agora cheiro de poluição, de medo, em todo lugar. As pessoas não olhavam o céu. Com medo. Medo! Era disso que ele estava falando? Que mundo é este que as pessoas têm medo de olhar umas para as outras?
Não podia ser verdade. Este não podia ser o mundo em que eu vivia. Procurei por alguém no meio da multidão, multidão que parecia não se importar com a minha existência, mas nada. Puxei o braço de um deles. De outro. Outro. Até que alguém me viu. "Por que estão todos correndo?", perguntei. "Você não vê as notícias, garoto?". Foi o mais próximo que eu tive de uma conversa naquele dia. No mundo deles. Onde o medo reinava.
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