domingo, 2 de dezembro de 2012

Era feio. Mas cheio de graça.


     Dançava cambaleando, sem deixar uma gota sequer - da cerveja já quente - cair no chão. Pedia mil músicas que pareciam só ele conhecer. E fingia não se importar com os olhares curiosos que o observavam.
     Eu ri. Não para ele, mas dele. É claro que ele entendeu errado. Retribuiu um sorriso quase sem dentes e se aproximou.
     - Você gostou de mim? - chegou perto o suficiente pra eu sentir o cheiro de cerveja que emanava.
     - Você é legal - tentei não ser indelicada.
    Passou uma conversa sem sentido - que eu não entenderia mesmo se não houvesse a música alta que, naquela hora, me fazia viajar. Sorriu e foi embora. Encarou-me pela última vez com um olhar que implorava para que eu compreendesse quanto sua humildade superava sua "beleza", e continuou rodopiando, desejando ser mais comentado que os músicos daquele bar. Sorrindo e flertando com garotas que nunca dariam-lhe uma chance sequer. Continuou feliz. Certo de que ainda não era o fim do mundo para desistir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

ShareThis