Passou despercebida pela maioria por ali. Seus passos
eram tão rápidos que mal pude notar as lágrimas que caíam de seus olhos. No
entanto, por algum motivo o tempo parou para eu vê-la em câmera lenta - como nos
filmes quando mostram alguma beldade com os cabelos a voar - e apesar da sua
cabeça baixa ocultar toda a tristeza que carregava em si, eu percebi.
Cogitei milhões de histórias com finais tristes, e
cheguei a conclusão de que aquele não era seu final. Parecia mais com o
precipício que todos nós tropeçamos num certo momento da vida. Portanto também
não acreditava que seu final seria feliz - não acredito em finais felizes -, mas
que aquele definitivamente ainda não era seu fim. Tinha muito o que viver. Era
notável sua inexperiência, sua sensibilidade, e o medo que transbordava seu
peito. Tinha medo de viver. De sofrer novamente. De amar. Amor... o que é isso afinal?
Também não descobri, garota. Eu quis gritar.
Seu jeito de andar entregava a menina cheia de sonhos
destruídos. Devia ter procurado o príncipe encantado e nem sapo apareceu.
Talvez ela fosse dessas meninas que vivem nos livros que adoram iludir as mentes
mais frágeis. Talvez ela tenha decorado diálogos que não terminaram como o planejado.
No entanto, quem sou eu para dizer o que aconteceu à ela naqueles dois ou cinco
últimos minutos. Talvez ela estivesse chorando por dias a fio.
Tive vontade abraçá-la e dar conselhos com metáforas sem
sentido, protegê-la daquele mundo que não era o dela, fazer papel do príncipe
encantado, e até trancá-la numa torre para ninguém mais machucá-la. Só que não
era justo, eu sabia. Deixei-a correr pra longe de mim. Amanhã ou depois, quem
sabe, ela não esbarra em mim e descobre que eu sou o cara da vida dela...
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