"Eu sou gay", você sussurrou como se aquilo fosse o maior pecado que tivera cometido na vida. E o que eu ouvi foi "obrigado por ser a única pessoa com quem eu posso compartilhar o que venho guardando por tanto tempo".
Eu fora a primeira a saber, e eu chorei por isso. Não é sempre que sou a primeira escolha. Quase esqueci do seu sofrimento de tanta felicidade em saber que era em mim que você confiava. Mas aquelas palavras que saíram da sua boca despedaçaram-me. Estavam cheias de medo de serem rechaçadas, tinham tanto medo do mundo que quase não saíram. Foram expelidas com lágrimas que fizeram o meu coração apertar.
Não vou mentir, tive medo por você.
Medo do que as pessoas que não entendem a normalidade disso poderiam fazer. Tive vergonha de todas as vezes que fizeram piada de homossexuais na sua frente. Bem como doeu saber que você guardou isso durante a vida toda.
Meu primeiro sentimento foi de querer te proteger, mesmo você sendo muito maior que eu, você pareceu pequeno naquela hora.
Indefeso.
Eu cheguei até a entender a madrasta da Rapunzel quando ela trancou-a numa torre, porque foi esse o plano desenvolvido na minha mente: construir uma barreira protetora pra nada te machucar.
Que mundo é esse em que vivemos sem poder amar quem realmente desejamos?
Eu não sei. Ainda assim quero te lembrar que você é livre pra amar quem quiser! Se precisar, estarei sempre por aqui (até quando você achar que não estou mais). Porque afinal, estar é amar.
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