Você acorda com seu despertador te dizendo que o dia
começou. Ouve o barulho da água caindo sobre a torneira enquanto escova os
dentes.
Escuta seu café sendo derramado em sua xícara, o óleo fritando seus
bacons e seu ovo. Então, escuta o barulho de você degustando toda a comida,
esfriando o café e tomando-o. Escuta o barulhinho que a chave faz quando é
pega. O barulho do carro dando a partida e do portão se abrindo para você ir a
mais um dia de trabalho. Escuta o bom dia desanimado das pessoas por ser uma
segunda-feira. Escuta o zum-zum de todos conversando, o tec-tec dos teclados
sendo usados e o clic do mouse a manhã toda.
Até que o sinal toca e te conta
que está na hora do almoço. Escuta o zum-zum das pessoas novamente e o tec-tec do
seu sapato sobre o piso. E lá vai você de novo ligar o carro e voltar para casa
escutar todos os barulhos que ouvir pela manhã, até o despertador te contar que
está na hora de voltar ao trabalho. Volta e escuta o zum-zum, tec-tec e clic
até que o sinal te conte que o dia de trabalho acabou. Liga o carro, vai para
casa, escuta o portão se abrindo e as chaves ao abrir a porta. Decide tomar um
banho e então escuta a água cair pelo seu corpo. Escuta sua janta sendo feita
por você e o barulho que ela faz quando você a mastiga. Liga a tv e escuta o
que ela conta sobre o mundo. Então desiste de escutar e pega seu livro para ler
um pouco. Mas você está enganada, o livro também faz barulho, aquele que você
escuta toda vez que vira de página.
Cansada de tanta trilha sonora, decide deitar. Deitar para
que pelo menos uma vez no dia você possa escutar algo que realmente valha a
pena, o coração. Aquele que diz no silêncio tanta coisa que que te faz perder
horas de sono. Mas esse barulho não te estressa e nem incomoda, esse barulho
que te faz fechar os olhos e sonhar até que o despertador te acorde novamente
dizendo que a terça-feira começou.
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