quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Essencialmente você.



De repente você não era mais quem eu costumava conhecer. Por fora continuava o mesmo, e o que eu sentia por você também. No entanto tornara-se o garoto que dava em cima de todas as garotas, e estas corriam desesperadas atrás de ti. Quando abraçava uma delas, me olhava no olho e debochava. Você não era de ninguém, afinal. Muito menos meu. Gostava de se exibir em público e mostrar suas habilidades que surgiram talvez de uma outra vida. Confesso que não entendia por quê você queria aparecer, pensei por um segundo e cheguei a conclusão de que você imaginava que eu sentiria ciúmes. Só que mais que isso, fiquei com raiva por te ver tão decaído daquele jeito, ainda que no fundo você fosse tudo pra mim.

Eu sabia que éramos algo. Você podia não ser meu, mas éramos algo - tínhamos que ser. Abracei-te, olhando para o alto até que enxergasse seu rosto. "Você não se acha muito alto?", perguntei, por um momento imaginando que aquilo teria um duplo sentido ideal para aquele momento. Você apenas sorriu e continuou andando com seu braço direito por cima dos meus ombros. Como se eu fosse tua (o que não era de todo mal). No meio da multidão de alunos desconhecidos, você desenrolou seus braços de mim e me puxou para uma dança que me fez lembrar do dia que nos conhecemos. 

O flashback começou e você se exibia para as garotas do ginásio quase lotado, dançava com uma ginga que nunca fui capaz de presenciar. Puxava as garotas mais lindas pra dançar e ameaçava dar-lhes beijos que elas sabiam que não chegariam em suas bocas. Enquanto me perguntava quão popular você era ali, alguém empurrou-me, jogando-me em você, que sem nem hesitar tirou-me para dançar uma dança que, honestamente, não fazia ideia de qual era. Tentei seguir seus passos, e logo entendi o assanhamento das meninas por você. Você olhou-me os olhos e sorriu, aproveitando-se da minha descoordenação que não existia minutos atrás.

Voltei ao presente no mesmo segundo em que quase me derrubou num dos teus malabarismos. Paramos, e quando sentamos num dos bancos ali perto, dei-te três beijinhos de desculpas adiantadas e sai correndo, fugindo. Corri o mais rápido que pude, passei por ruas obscuras e árvores que se juntavam formando uma só. Não queria olhar pra trás e correr o risco de decepcionar-me por não te ver me seguindo.

E então acordei. Sem saber se você fora à minha procura ou continuou no seu mundo que eu desconhecia. Concluí apenas que seu comportamento tomou um rumo diferente e totalmente inesperado, portanto sua essência permaneceu a mesma, fazendo-me gostar de ti da mesma maneira que gostaria se fosse um milhionário metido ou um criminoso sem teto.

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