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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Carta para uma Thais adulta.


14 de dezembro de 2013

Querida Thais do futuro,

Como você está?

Hoje é seu aniversário! Quantos verões você já comemorou desde o dia em que eu escrevi isto pela primeira vez? Já conseguiu conquistar todas as metas da sua vida? Você ainda lembra para quantas pessoas prometeu sua amizade eterna? Você pelo menos ainda mantém um mínimo de contato com eles? Porque eles eram seus melhores amigos e você até chorou quando foi embora. Você lembra quem são eles, e lembra dos seus sobrenomes e suas personalidades? Você conheceu novas pessoas? Abandonou as outras? Você sabe o quanto no fundo eu queria que fosse pra sempre. Por falar nisso, continua desacreditando no pra sempre? Você descobriu se aqueles seus "amigos" que saíram da sua vida do nada eram realmente seus amigos? Quebrou a cara tantas vezes como eu imagino?

Ah, espero tanto que você tenha conseguido comprar a casa dos sonhos da sua mãe. Como ela está, aliás? Feliz? Ela finalmente está aproveitando tudo que ela sempre mereceu? E seu pai? Ele conseguiu um bom emprego para mostrar como ele é excelente em tudo? Você vê ele sempre agora? Não me diga que o vê uma vez em anos... Você já passou muito tempo longe dele! E seus irmãos? Eles estão bem sucedidos como espero que estejam? Como eles são grandes, crescidos, adultos? Continuam os mesmos? Oh, Deus, espero que vocês não tenham brigado e ficado distantes sem saber notícias uns dos outros. Você continua orgulhosa dos irmãos que tem?

E como vai sua saúde? Você tem cuidado da sua alergia? O alzheimer já te atacou? Você continua esquecida e avoada como sempre foi? Conseguiu arranjar o trabalho dos seus sonhos ou ao menos descobriu qual é o trabalho dos seus sonhos? Não venha me dizer que está atrás de um balcão de escritório desperdiçando todo o talento que tinha. Também não me diga que ficou presa na sua cidade natal sem fazer o tur mundial como sempre desejou.

E seus amores? Continua se apaixonando pelos caras errados ou já encontrou sua alma gêmea? Você não anda tentando destruir seus próprios relacionamentos como costumava fazer, certo? Diga-me que finalmente encontrou o rapaz dos seus sonhos! Já casou? Sua festa de casamento foi a sós com seu noivo em algum lugar do planeta, como você sempre quis? Ele é um cara bacana? Ou você simplesmente virou uma senhora que cuida dos idosos no asilo da sua cidade? Espero pelo menos que esteja fazendo algum bem à humanidade.

Como está a humanidade? Continuam destruindo o mundo? Ainda existem árvores? Por favor, diga-me que sim! Não quero ver meus filhos e netos morrendo porque vocês destruíram o planeta. Você já tem filhos? Quantos e quais seus nomes? Não vejo a hora de conhecê-los, fico ansiosa só de imaginar a possibilidade. Você vai educá-los como foi educada, certo?

Não quero ouvir que seu maior sonho é voltar no tempo, ou que sua vida foi desperdiçada, ou que não vê sentido em viver. Enfim, eu só quero que você esteja muito feliz, independente de qualquer pergunta não respondida. Que você tenha feito as melhores escolhas que poderia, e que, caso você não tenha feito nada disso... FAÇA! Ainda dá tempo, acredite.

Com carinho,

Uma Thais adolescente.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Pra quando você chegar.



Moça, eu não sei se você já chegou, mas tenho umas coisas para te falar. 

Já faz um tempo que eu e ele não temos mais nada, e nesse meio tempo vocês já podem ter se encontrado. Ele é um cara bom, sabe? Vai fazer tu se sentir completa, e te deixar com saudade por um tempo que eu diria ser... sempre. Está certo que ele é um pouco orgulhoso e cheio de si (você já deve ter percebido), mas é só uma casca que ele criou pra camuflar todos os sentimentos que ele não gosta de mostrar pra ninguém.

Devo te avisar que no começo será mil maravilhas! Ele se adapta à qualquer tipo de pessoa, vai ser o cara que você nunca sonhou e que agora é tudo que você precisa. Uma hora ele vai tocar na sua ferida, e invés de doer, vai sarar. Você provavelmente ficará um pouco viciada nisso, nessa coisa dele consertar tudo que estava errado antes dele chegar. Um dia vai parecer que ninguém mais é tão legal quanto ele, nem tão inteligente, nem tão bonito, e nem tão talentoso. Isso fará você querer deixar de lado algumas amizades, mas não faça isso. Ele pode te machucar, a única pessoa que você vai querer recorrer será o causador dessa ferida e você não poderá.

Ele é bom com discussões. Tem argumentos que deixariam qualquer um sem palavras. Discuta com ele, ele gosta de conversas longas e produtivas. Vai jogar muita coisa na sua cara, e muita coisa não será boa. Talvez ele diga que você só pensa em si ou que você precisa ser mais decidida pro que quer da vida. Não se abale, porque ele vai te inspirar a ser alguém importante nesse mundão. Quando ele pegar muito pesado, releve, às vezes ele não pensa ao agir, a vida dele é provavelmente mais estressante que a sua. Logo ele se dará conta de como não foi muito legal e se desculpará. Caso não faça isso, esqueça. Ele vale a pena.

Uma vez ele disse que eu era importante, por isso deixou que eu conhecesse um pouco dele de verdade. Ter me contado pode ter sido um erro, já que deixei de ser a guria que deixava-o bem para ser ninguém, então não espere que ele se abra pra ti logo de cara. Minha teoria é que ele já deve ter passado por coisas que o destruíram de uma forma que o fez não ter mais confiança nas pessoas. No entanto, se um dia ele te contar, ah, guria, é possível que você tenha conquistado o coração desse rapaz. É importante que você o ame quando isso acontecer. Não acabe com o coração dele. Ele merece a melhor guria de todas. 

Eu queria te contar tanto sobre ele que eu ficaria aqui a madrugada inteira, porém o objetivo disso é que eu preciso que você cuide dele, mesmo que ele diga que sabe se cuidar. Cuida sem ele perceber. Não prenda-o, ele gosta de ser livre. Só esteja lá quando ele precisar, e não esteja quando ele não quiser. Se um dia ele parar de te responder, tenha certeza que o silêncio dele também é uma resposta, então afaste-se. Não estrague tudo se ele voltar. Por favor, faça ele ser o cara mais feliz do universo. Está nas suas mãos agora. E por último, se você puder, diga que sinto saudades e que ele sempre estará guardado no meu coração.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

No nosso contrato dizia: Não é amor.


Aí você me ligou às 3 da madrugada com uma voz de choro (tentando me fazer acreditar que era mais raiva que tristeza), e me contou todas as suas desventuras com uma tal de Mariana. Aquilo não era amor. Tirou sua blusa e jogou em cima de mim no dia mais frio do ano, dizendo que não, não estava com frio, podia ficar, não se preocupe, isso não é amor.

Me levou no cinema e combinamos que éramos só amigos. Chegamos de mãos dadas e eu coloquei minha cabeça no seu ombro quando cansei de olhar pra tela. Segundo o contrato, aquilo não era amor. Viajei com a faculdade e senti tua falta do começo ao final dos dias, imaginando como seria muito mais legal poder compartilhar essa experiência contigo pessoalmente do que por fotos. Estava longe de ser amor.

Você esqueceu um papel no meu carro, eu quis te devolver, você disse que não precisava, eu levei mesmo assim, não porque eu só queria te ver, mas porque não gosto de ficar com nada que não é meu (exceto você). Nem por isso foi amor.

Ouvi as últimas músicas que você mandou e prestei atenção em cada frase para ver se alguma delas falava sobre mim. Não era amor. Fizemos amor no meio da rua, mas só chamo de amor pra eufemizar o sexo, porque o contrato dizia que de amor não há nada.

Você me contou que estava se apaixonando pela tal de Mariana e que só pensava nela, e que ela era perfeita, e que talvez fosse amor. Eu senti medo de te perder, de não termos mais mãos dadas, nem cafuné, nem madrugadas de companhia (sem conchinha). E esse sentimento não era amor.

Quer saber? Eu só não te amei pra te ter por perto. Engoli o choro e botei um sorriso na cara, porque nunca foi amor. Enfiei na cabeça que era melhor estar contigo e tu estar com mais trinta, do que estar com qualquer outro e nunca mais nem poder brigar contigo. O que não entrava na cabeça era a possibilidade de te desconhecer. O nosso contrato dizia que não era amor, por isso nunca foi.

domingo, 28 de junho de 2015

A única delas é você.

Foto: Lukasz

Já conheci milhões de mulheres, e apaixonei-me por um bocado delas. Cada uma desfrutava de uma peculiaridade. A maioria ofereceu-me pelo menos uma boa noite de sexo. No entanto nenhuma delas era como você. Nem a mais exótica, nem a mais conservada. Juro, não era porque elas foram fáceis de conquistar, nem porque elas abriram as pernas no primeiro encontro e você não. Porque você também fez isso. Só que por algum motivo era você que sempre esteve lá quando meu desejo era pular da sacada do meu prédio. Não foi nenhuma delas que chegou no meu coração e vasculhou todas as minhas dores. Tu que me colocou nos eixos. Até quando eu corria atrás de um desses ordinários pedaços de corpo você me dizia que "não se brinca com os sentimentos de ninguém". Mas nunca ligou se eu brincasse com os seus.

E eu nunca brinquei.

Eu odiava a sensação de necessitar do seu abraço. Costumava carecer de algo que aparentemente seria muito mais complicado conseguir. E, droga, tudo o que eu queria era ouvir a sua respiração acelerada logo depois de uma corrida no parque. Tocar sua mão fingindo que sei fazer a melhor massagem de mãos do universo. Enxugar suas lágrimas na minha camiseta só pra poder sentir mais de perto o seu cheiro. Eu queria decorar todos os seus detalhes... Sua falha na sobrancelha, suas infinitas pintinhas escondidas no seu próprio rosto, os espasmos da sua mão quando você dormia, e tantas outras bobagens que eu só procurava em você.

Nenhuma outra mulher mereceu as horas que eu passei falando de ti para os meus amigos que não estavam nem um pouco interessados. Foi você quem me fez ficar acordado nas infinitas madrugadas imaginando como a soma eu + você no meu colchão surrado resultaria numa noite bem mais aconchegante do que com elas. Porque contigo eu digo "fica mais um pouco" e pra elas eu despejo "tenho que ir". Você me chama pra um concerto e elas me convidam prum motel no meio da estrada. Elas me pedem um oral, e você, um abraço. Elas somem por um mês inteiro e você aparece todas as manhãs. Elas reclamam de como fulana estava mais bonita que ciclana e você me conta de todos os seus sonhos impossíveis. Meu desejo é sempre mandar elas calarem a boca, e fazer os seus sonhos impossíveis tornarem-se nossos sonhos totalmente possíveis.

Você é a única que me entende quando digo que multidões me sufocam, que músicas são como tranquilizantes, e que liberdade é necessidade. As outras me arrastam para baladas lotadas de sons e pessoas que estão lá só por mais uma noite abarrotada de vazio. Você é a única que me odiará por todos os erros que eu cometer, e se odiará por não conseguir fazer de mim um cara melhor, e mesmo assim sempre voltará, porque sua preocupação extrapola qualquer outro sentimento - as outras sempre desistiram nos meus primeiros tropeços. Você é a única por quem eu trocaria uma noite de sexo por um dia de conversa. Que deixa os problemas de lado pra se aventurar comigo pelo mundo. Que me aceita quando o resto do mundo me vira as costas.

"As outras são só as outras."

Você é a única que sempre estará comigo e que nunca será minha.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Estar é amar.


"Eu sou gay", você sussurrou como se aquilo fosse o maior pecado que tivera cometido na vida. E o que eu ouvi foi "obrigado por ser a única pessoa com quem eu posso compartilhar o que venho guardando por tanto tempo".

Eu fora a primeira a saber, e eu chorei por isso. Não é sempre que sou a primeira escolha. Quase esqueci do seu sofrimento de tanta felicidade em saber que era em mim que você confiava. Mas aquelas palavras que saíram da sua boca despedaçaram-me. Estavam cheias de medo de serem rechaçadas, tinham tanto medo do mundo que quase não saíram. Foram expelidas com lágrimas que fizeram o meu coração apertar.

Não vou mentir, tive medo por você.

Medo do que as pessoas que não entendem a normalidade disso poderiam fazer. Tive vergonha de todas as vezes que fizeram piada de homossexuais na sua frente. Bem como doeu saber que você guardou isso durante a vida toda.

Meu primeiro sentimento foi de querer te proteger, mesmo você sendo muito maior que eu, você pareceu pequeno naquela hora.

Indefeso.

Eu cheguei até a entender a madrasta da Rapunzel quando ela trancou-a numa torre, porque foi esse o plano desenvolvido na minha mente: construir uma barreira protetora pra nada te machucar.

Que mundo é esse em que vivemos sem poder amar quem realmente desejamos?

Eu não sei. Ainda assim quero te lembrar que você é livre pra amar quem quiser! Se precisar, estarei sempre por aqui (até quando você achar que não estou mais). Porque afinal, estar é amar.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Você é meu cigarro.


Te descobri num dia comum em um lugar onde eu não costumava frequentar. Junto contigo tinham outros milhares expostos, alguns mais atraentes e alguns nem tanto. Te escolhi por algum critério que não me recordo agora. Talvez pelo design diferente... não sei. Não foi nenhum amigo meu que te apresentou, apesar de alguns deles te conhecerem bem, a iniciativa foi minha em querer experimentar. 

Na embalagem vinha escrito logo de cara que você era prejudicial. E eu já sabia disso antes mesmo de te conhecer. É o que a mídia nos faz acreditar - são todos iguais. Mas são erroneamente iguais: é evidente que cada um tem suas particularidades, senão não haveria preferência.

Era óbvio que eu não era a primeira usuária nem seria a última. Tive curiosidade de ir atrás de cada um que te fumou para saber qual era a sensação, o que tu lhes trouxe de bom e que partes da vida deles tu arruinou. Só que eu não fazia ideia de como obter esse tipo de informação. A princípio tudo o que eu fazia era observar. Li o rótulo tantas vezes que cheguei a decorar cada informação que a embalagem me pudesse oferecer. Eu já não tinha certeza do que eu queria.

O que custava tentar? Nem o vício, nem o estrago viriam tão rápidos assim. Talvez eu nem sentisse a diferença. Por isso experimentei. A primeira tragada foi um pouco asfixiante, a sensação era de que aquilo não deveria estar no meu corpo. Entretanto eu estava tão animada com a ideia de poder te conhecer melhor que me vi lutando para fumar o cigarro inteiro.

Logo, a sensação de te tragar passou a ser tranquilizadora. Acabei por decidir que valia a pena estar contigo independente dos estragos que você faria num futuro próximo ou não. Porque eu me sentia satisfeita. Saciada. Relaxada. Eu podia te fumar o dia inteiro. Talvez isso me matasse mais rápido, "mas e daí?" era só o que eu conseguia pensar.

Mas, agora, quando eu realmente paro pra analisar quão mal você pode me fazer, te escondo porque é mais fácil quando não te tenho em mãos. O problema é que não tem como esconder pra sempre, uma hora você aparece (especialmente  quando estou procurando coisas que não são você). Eu tento ignorar, mas é tão ruim te ver e não te tragar. É mais forte que eu. Aí acontecem as recaídas. Arrisco dizer até que estou viciada. E que droga de vício.

Quando me perguntam porque eu fumo... quando me perguntam porque eu fumo você, respondo "porque gosto". E essa é a resposta mais verdadeira de qualquer uma que eu pudesse pensar. Dizem que viciados nunca se curam em cem por cento. Por isso, mesmo que eu pare de te fumar, ainda vai existir uma parte de mim que implorará para que você apareça de repente e volte me estragar.

terça-feira, 12 de maio de 2015

Antonina.


Você poderia muito bem ser daqueles tipos de amores de verão. Do tipo que eu mesma vivenciei um tempo atrás. Foi um romance de final de semana - literalmente - que me fez sentir livre. Gostaria que o que eu sinto por você fosse assim: passageiro e eterno. O que é um conflito de informações que faz todo o sentido agora.

Sobre o meu romance do final de semana... Eu sabia que nunca mais o veria, por isso podia ser eu mesma sem ter receio de que ele porventura, deixasse de me gostar um dia. Não existiu o medo de perder, existiu o fato de que ele nunca seria meu. E isso não era nada demais, porque eu também nunca seria dele. Não existiu a preocupação de quantas vadias ele pegou no final de semana que não passou comigo. Existiu ele e eu, que éramos o sol dentro de um sistema, que é todo o resto do mundo, inclusive você.

O foco todo foi no momento em que estávamos vivendo. O resto não importava. Você, lindo, não teve importância quando eu estava com ele. A lua teve importância. Ela foi o complemento do barco de um cara outrora desconhecido. O beijo do moço tinha gosto de cigarro misturado com água do mar. E eu não liguei, porque aquele seria o primeiro e último beijo que daríamos. Não vou negar, não chegou perto do seu. E isso, pensando bem, me irrita um pouco, porque tudo é muito bom com você, até quando não é tão bom assim.

Por que você não é um romance de final de semana? Uma vez me falaram de uma teoria de que se você gostar de uma pessoa por mais de 4 meses, deixa de ser apenas uma paixão - torna-se amor. E eu não quero te amar. Porque vai doer. Quero que você seja um romance de verão. O problema é que o meu coração não entende isso. Passei horas explicando, juro que tentei, mas não dá. Algo em você bloqueia a parte sensata na luta interminável entre coração e razão. E aí eu não consigo te colocar no patamar de romance de verão. Você acaba sendo meu amor não correspondido. E, argh, te odeio! Me odeio! Só porque no final é sempre sobre você, não sobre ele ou sobre qualquer outro.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Não foi sobre amor.



Eu nunca te amei. Mas hoje senti sua falta. 

Lembra do dia que você fez a melhor baliza do mundo, no meio de dois carros que estavam muito mais juntos que o normal? Senti falta disso. Da sua habilidade com carros. Das fininhas que tirava ao passar perto e rápido demais de qualquer outra coisa. Senti falta do frio na barriga que isso me causava (misturado com a certeza de que eu estaria a salvo nas suas mãos). Quantas foram as vezes que andei contigo e senti-me sua mulher... Sua companheira! Você tinha um ar de grandeza quando dirigia. Parecia um homem revestindo o corpo de um menino.

Senti falta do nosso sexo. Eu adorava nosso sexo! Provavelmente um dos topos da lista de melhores na cama (não que eu tenha uma lista). Mas você se importava. Com você, mas principalmente comigo. Eu amava só deitar contigo depois. Você geralmente falava demais e por vezes eu não prestei atenção no que saía da sua boca... O que me chamava a atenção eram outros detalhes, como seu sorriso bobo quando contava uma piada que eu fingia ter achado graça, ou sua barba por fazer que te fazia cócegas quando eu o acariciava.

Sinto saudade de estar do seu lado. De me envergonhar quando você entrava na sala onde eu trabalho. De pedir pra você ficar só mais um pouquinho e conseguir fazer você ficar até a madrugada. Saudade de ser idiota e não me sentir inferior por isso, porque você sempre foi meu companheiro de idiotice. Sinto falta até de você soltando pum e dando risada, porque só soltamos pum na frente de quem realmente gostamos.

Eu nunca te amei, mas o tanto que você me fez bem foi suficiente pra eu nunca te esquecer. E, de verdade, eu nunca esquecerei. Você será sempre uma parte da minha vida de eternas boas lembranças. Tudo com você era bom demais pra ter sido amor. Talvez fosse algo perto disso. O que nós tínhamos era leve demais, livre demais, saudável demais. Você preenchia o buraco do amor com outras coisas que só você tinha. Qual era o seu segredo? Nunca descobri. Talvez... um dia se tornasse amor. Sabe aquele tipo de amor que é construído com o decorrer dos anos e que só cresce, nunca diminui? Acho que é isso. Não foi sobre amor. Mas poderia ter sido.

domingo, 19 de abril de 2015

O que você tem no seu coração?


Tem uma vitrola no meu coração. Ela é responsável pela trilha sonora da minha vida. 

"De onde vem o jeito tão sem defeito que esse rapaz consegue fingir? Olha esse sorriso tão indeciso", tocou, logo que viu o cara por quem, um dia depois, me apaixonei. O primeiro LP repetiu-se nas três ou quatro semanas que o moço cegou-me. Foram 12 canções cheias de "It's just a spark, but it's enough to keep me going" com uma pitada de "O meu desespero é que quando acaba: você fica inteiro e eu fico o pó".

Não ouvi. Me joguei nessa aventura descabida.

Criou mofo na vitrola.

Ela parou de tocar, lentamente substituída pelas canções que o cara dizia serem melhores do que as minhas. Fiquei um tempão ouvindo o que a vitrola dele tinha a dizer. E dizia juras de amor "So if you're lonely, you know I'm here waiting for you. I'm just a crosshair". Ele nunca obrigou-me a ouvir, talvez por isso aquietou-se (a minha vitrola). Não deu um pio - tinha vergonha.

Até que o rapaz me machucou, quis, inconscientemente, que a playlist inteira dele tocasse dentro de mim. E algo no meu coração não queria que coubessem outros LPs ou um single que fosse ali. O medo do que poderia acontecer era a razão da rejeição - por isso doía. "Hate to say I told you so. Alright. Come on. I do Believe I told you so" - minha vitrola voltou a tocar, receosa. E eu sabia, ouvira seus avisos por quatro semanas.

Ela cutucou meu coração, questionando "Now, I need to know is this real love or is it just madness" - quis a verdade.

Hesitei. Apenas loucura, sussurrei.

Decidi esquecer o rapaz. A vitrola voltou a tocar. Tocou músicas que faziam meu corpo inteiro vibrar. A dor foi sumindo até que restou apenas saudade. "I got out, I got out, I'm alive and I'm here to stay. Hey, hey it's fine, I left it behind"


Trechos de:
DE ONDE VEM A CALMA - Los Hermanos
LAST HOPE - Paramore
UM SÓ - Clarice Falcão 
TAKE ME OUT - Franz Ferdinand
HATE TO SAY I TOLD YOU SO - The Hives
MADNESS - Muse 
TWO FINGERS - Jake Bugg

sábado, 14 de dezembro de 2013

Carta para uma Thais adulta.


14 de dezembro de 2013

Querida Thais do futuro,

Como você está?

Hoje é seu aniversário! Quantos verões você já comemorou desde o dia em que eu escrevi isto pela primeira vez? Já conseguiu conquistar todas as metas da sua vida? Você ainda lembra para quantas pessoas prometeu sua amizade eterna? Você pelo menos ainda mantém um mínimo de contato com eles? Porque eles eram seus melhores amigos e você até chorou quando foi embora. Você lembra quem são eles, e lembra dos seus sobrenomes e suas personalidades? Você conheceu novas pessoas? Abandonou as outras? Você sabe o quanto no fundo eu queria que fosse pra sempre. Por falar nisso, continua desacreditando no pra sempre? Você descobriu se aqueles seus "amigos" que saíram da sua vida do nada eram realmente seus amigos? Quebrou a cara tantas vezes como eu imagino?

Ah, espero tanto que você tenha conseguido comprar a casa dos sonhos da sua mãe. Como ela está, aliás? Feliz? Ela finalmente está aproveitando tudo que ela sempre mereceu? E seu pai? Ele conseguiu um bom emprego para mostrar como ele é excelente em tudo? Você vê ele sempre agora? Não me diga que o vê uma vez em anos... Você já passou muito tempo longe dele! E seus irmãos? Eles estão bem sucedidos como espero que estejam? Como eles são grandes, crescidos, adultos? Continuam os mesmos? Oh, Deus, espero que vocês não tenham brigado e ficado distantes sem saber notícias uns dos outros. Você continua orgulhosa dos irmãos que tem?

E como vai sua saúde? Você tem cuidado da sua alergia? O alzheimer já te atacou? Você continua esquecida e avoada como sempre foi? Conseguiu arranjar o trabalho dos seus sonhos ou ao menos descobriu qual é o trabalho dos seus sonhos? Não venha me dizer que está atrás de um balcão de escritório desperdiçando todo o talento que tinha. Também não me diga que ficou presa na sua cidade natal sem fazer o tur mundial como sempre desejou.

E seus amores? Continua se apaixonando pelos caras errados ou já encontrou sua alma gêmea? Você não anda tentando destruir seus próprios relacionamentos como costumava fazer, certo? Diga-me que finalmente encontrou o rapaz dos seus sonhos! Já casou? Sua festa de casamento foi a sós com seu noivo em algum lugar do planeta, como você sempre quis? Ele é um cara bacana? Ou você simplesmente virou uma senhora que cuida dos idosos no asilo da sua cidade? Espero pelo menos que esteja fazendo algum bem à humanidade.

Como está a humanidade? Continuam destruindo o mundo? Ainda existem árvores? Por favor, diga-me que sim! Não quero ver meus filhos e netos morrendo porque vocês destruíram o planeta. Você já tem filhos? Quantos e quais seus nomes? Não vejo a hora de conhecê-los, fico ansiosa só de imaginar a possibilidade. Você vai educá-los como foi educada, certo?

Não quero ouvir que seu maior sonho é voltar no tempo, ou que sua vida foi desperdiçada, ou que não vê sentido em viver. Enfim, eu só quero que você esteja muito feliz, independente de qualquer pergunta não respondida. Que você tenha feito as melhores escolhas que poderia, e que, caso você não tenha feito nada disso... FAÇA! Ainda dá tempo, acredite.

Com carinho,

Uma Thais adolescente.

Ps: Este texto também está programado para ser publicado daqui exatos 10 anos, eu não ia escolher data, mas achei melhor já deixar programado, já que provavelmente eu vou esquecer que esse texto existe. Espero que este blog exista até lá! Se não existir, eu dou um jeito de ler esse texto novamente. Vocês ainda verão a resposta para essa carta (espero)!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A gente só dá valor quando perde.


Seu último adeus foi tão ordinário que eu nunca perceberia a gravidade da situação. Foi tão repentinamente e sem explicação que não pensei em hipótese alguma que seria o seu último adeus. Foi um "tchau" lotado de mistérios e remorsos que na hora passaram despercebidos. No entanto você sempre fora assim meio desligado, cheio de estranhezas que eu nunca consegui decifrar. 

Mas é claro que eu deveria ter prestado mais atenção no seu olhar de saudade quando me olhou nos olhos exatamente como no dia em que nos conhecemos. Era o mesmo olhar tomado de incertezas e sentimentos que, honestamente, eu nunca consegui corresponder. Infelizmente, este último olhar, diferente do primeiro, transmitiu uma tristeza que - idiota eu - não percebi.

Talvez se seus olhos tivessem permanecidos fixos aos meus por mais alguns segundos antes de você ter saído do nosso cantinho lá de casa, nada disso estaria acontecendo. "Disso" trata-se de um sentimento tão estranho quanto as suas estranhezas. A questão é que eu não entendo de sentimentos (e você sabe muito bem disso) assim como não te compreendo.

Sua escala de cinza era tão infinita. Era impossível saber o que você queria, e quais eram seus sonhos ou os seus anseios. A minha escala de cinza era nada mais nada menos que apenas preto e branco. E de repente, quando você saiu da minha vida essa escala se duplicou... Triplicou... Finalmente tornando-se tão cinzenta quanto a sua. E todos os sentimentos enterrados simplesmente explodiram como um carnaval de sensações. Eu queria ter sentido isso antes, sabe? 

Queria que você conhecesse meu olhar de saudade, que visse que finalmente entendi o que é sentir. Queria que tivéssemos um final feliz como nos filmes idiotas de romance que você sempre convencia-me a ver. Queria que você fizesse parte do futuro que eu nunca planejei. Só queria, pela primeira vez, ser a guria que te faz feliz. Mas é tarde, não é? Aquela foi a sua decisão e eu só percebi o quanto você importa depois que te perdi. 

Maldito ditado popular. 

Me traz de volta.

domingo, 21 de julho de 2013

Carta pra quem devia estar aqui


 Não sei pedir desculpas, mas sei demonstrar saudade. Saudade de quando você passava as mãos com calma na minha barriga e eu fingia não estar arrepiada. Saudade de observar cada centímetro seu e me perguntar um sem-fim de vezes porque é que eu gostava tanto de alguém com um monte de desenho idiota tatuado pelo corpo. Eu sempre soube que nada ali estava certo, entre nós, mas a calma nos seus olhos dava sentido pra tudo que não devia fazer.
 Lembro do fim. Do que devia ser o fim mas agora me parece vírgula mal colocada. Queria que tivesse sido pessoalmente, assim eu poderia saber como são seus olhos calmos na hora do adeus. Mas digitamos, e cada tecla apertada me trazia uma lágrima. Você não sabe disso e acho que nunca fez questão, mas ainda assim tenho saudade. Sei que errei porque ainda não vejo um ponto final. Talvez ele esteja nessa carta.  Mas um ponto não apagará de mim aquela sensação boa que até agora não senti com mais ninguém, a de ser sua ao acordar em seu peito quente, no meio da bagunça do quarto, esperando não precisar sair nunca dali.
 Me desculpe por não ter nos dado uma chance, mesmo que você nunca tenha pedido por ela.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

There is something beautiful.


     Tudo parecia barulhento demais naquela varanda outrora silenciosa. Por que eles não te gostam de ouvir, como eu? - pensei, indignada. Não fazia sentido estarem alheios a tamanha beleza. Talvez ouvir-te tocando aquele violão (que recusava-se a afinar), fora a melhor coisa que poderia estar acontecendo. E mesmo que eu fosse a única ali - quase colada a ti - que quisesse te ouvir, era óbvio que aquele era um momento que deveria ser guardado.
     Te ouvir era tão bom que eu poderia deixar tudo de lado só pra ver seus dedos dedilharem à vontade naquele monte de cordas, que acompanhavam sua voz aos sussurros cantando músicas que eu sequer fazia ideia que existiam, mas que soavam perfeitas interpretadas por você.
     Percebi que não te ouvia há tempos, pois mal lembrava da tamanha habilidade que você carregava. Seus dedos, mais ágeis que antigamente, faziam um trabalho belíssimo executando solos e dedilhados que eu nunca aprenderia. Sua paixão pela música gritava dentro do teu peito, querendo explodir, querendo dizer pro mundo que dinheiro nenhum pagaria sua felicidade por ouvir aquelas notas que saiam do teu violão.
     Era tão bonito.
     Eu quis chorar, uma hora. Mas chorar em público não estava nos meus planos. Só que era tão bonito. E eu tive tanta saudade disso que desejei que aquele momento nunca mais acabasse. Era incansável. Você era incansável.
      Senti saudade de como tudo era antes. De te ver todos os dias, te abraçar.
     Perguntei-me se alguém estaria amando-te tanto quanto suas canções soavam apaixonadas. Perguntei-me se estariam cuidando de ti, como você sempre cuidou de mim. E perguntei-me se este alguém também gostava tanto de te ouvir como eu. Porque deveria.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A garota de volta então.


Passou despercebida pela maioria por ali. Seus passos eram tão rápidos que mal pude notar as lágrimas que caíam de seus olhos. No entanto, por algum motivo o tempo parou para eu vê-la em câmera lenta - como nos filmes quando mostram alguma beldade com os cabelos a voar - e apesar da sua cabeça baixa ocultar toda a tristeza que carregava em si, eu percebi.

Cogitei milhões de histórias com finais tristes, e cheguei a conclusão de que aquele não era seu final. Parecia mais com o precipício que todos nós tropeçamos num certo momento da vida. Portanto também não acreditava que seu final seria feliz - não acredito em finais felizes -, mas que aquele definitivamente ainda não era seu fim. Tinha muito o que viver. Era notável sua inexperiência, sua sensibilidade, e o medo que transbordava seu peito. Tinha medo de viver. De sofrer novamente. De amar. Amor... o que é isso afinal?

Também não descobri, garota. Eu quis gritar.

Seu jeito de andar entregava a menina cheia de sonhos destruídos. Devia ter procurado o príncipe encantado e nem sapo apareceu. Talvez ela fosse dessas meninas que vivem nos livros que adoram iludir as mentes mais frágeis. Talvez ela tenha decorado diálogos que não terminaram como o planejado. No entanto, quem sou eu para dizer o que aconteceu à ela naqueles dois ou cinco últimos minutos. Talvez ela estivesse chorando por dias a fio.

Tive vontade abraçá-la e dar conselhos com metáforas sem sentido, protegê-la daquele mundo que não era o dela, fazer papel do príncipe encantado, e até trancá-la numa torre para ninguém mais machucá-la. Só que não era justo, eu sabia. Deixei-a correr pra longe de mim. Amanhã ou depois, quem sabe, ela não esbarra em mim e descobre que eu sou o cara da vida dela...

quinta-feira, 28 de março de 2013

Alice



       E ele abriu a torneira lentamente, colocando as mãos pálidas embaixo da água. Amava Lara, sempre amou. Soube disso na noite - terrível noite - em que seus olhos encontraram os dela: já mortos, sem brilho e nem cor. E depois daquilo ele jurou que nunca mais amaria novamente.
      Nunca se esquecera do tal fim de semana: um acidente, uma vida, dois corações, um barulho de tiro que cortara o vento gélido daquela noite. E passaram-se meses, dias, será que nem um ano completo seria o suficiente para apagar a cena fúnebre de sua mente?
      Até que surgira Alice. 
      Alice, baixinha, dos cabelos vermelhos e dona de um sorriso que iluminava qualquer ambiente. Ah Alice, possuía o dom de fazer todos se sentirem especiais, qualquer um que fosse. Ele.
      E de repente a caixa da padaria não possuia mais os olhos de Lara, e sim o sorriso de Alice. As azaléias do balcão não exalavam o perfume de Lara, e sim o do cabelo ruivo de Alice. 
      Mas não, não deveria pensar nisso. Afinal, prometera para si mesmo que Lara era a única. 
E agora lá estava ele, com as mãos debaixo da água, olhando o próprio reflexo no espelho. A brisa suave invadia o banheiro pela janelinha, o barulho da água em contato com a pele fez com que ele despertasse. Em fronte a pia, ele as comparou mentalmente. E entre todas as centenas de diferenças que elas possuíam, ele listou a mais óbvia e dolorida. Seria a resposta suficiente para suas perguntas?
     Não, não iria mais pensar nisso. Afinal, Lara seria eterna no coração dele... Não foi isso que ele jurou pra si mesmo quando viu seu corpo frio sobre o lençol de seda fina? Quando ele retirou suas roupas do armário, ciente que não as guardaria mais nenhuma vez?
     Um arrepio tomou conta de seu corpo, o toque do telefone o afastou de seus pensamentos obscuros. Com as mãos ainda molhadas, correu até a sala, vendo o nome no visor do aparelho eletrônico:
                                                                    Alice.

     E ele sentiu uma pressão dentro dentro suas veias, uma energia que não sentia há semanas, meses,  anos... Talvez pela primeira vez na vida? Era como se abrissem uma gaiola de borboletas, que libertas, voavam descontroladamente pelo seu estômago.

    E foi aí que percebeu que amava. Não só a energia, a pressão, os pássaros, mas sim a razão de todos eles: a garota baixinha, de cabelos vermelhos, batizada pelo pai viúvo como Alice.

Que Deus guarde a Lara.


                                                                                                                
                                                                                                                  Bárbara Aoki

quinta-feira, 7 de março de 2013

A lua desta noite.


     Como está a lua aí?
     Porque aqui ela está impressionantemente mais exuberante que nunca. Tão grande que me atreveria a dizer que você usou dos seus truques para trazê-la mais perto de mim, desregulando todo o clima da outra metade do planeta - exatamente como no filme de sexta-feira. Se quer saber, a Terra já nem parece tão gigantescamente maior do que ela realmente é, comparada à lua de hoje.
     Imagino se algum dia mudarei pra lá. Imagino se você mudaria pra lá comigo, caso eu mudasse. Devo informar-lhe que não levaria mais ninguém do mundo senão você, isto porque teria ciúmes de dividir um lugar tão bonito com qualquer outra pessoa. E se cansarmos de brincar com a gravidade, se cansarmos de ver a Terra de lá, voltamos para cá.
     Hoje, enquanto olhava a lua, perguntei-me se você estaria a observá-la também. Você sabe, nos filmes quando a personagem olha pra lua é porque sente saudade de alguém, sem fazer ideia de que esse alguém também está a olhar a mesma lua, na mesma hora. É claro que é bobo. Qual a chance de estarmos olhando pra ela ao mesmo tempo? Uma em mil? Em um milhão? Mas minha saudade não tem fim. Então quando olhar pra ela, cheio de saudade, saiba que também estarei a olhar.
     Hoje, quando olhei pra lua, sabia que escreveria pra você. Talvez... Apenas talvez... Você seja o culpado por ela estar tão mais linda ultimamente - mais ainda do que ela costuma ser. Você deveria estar aqui para a olharmos juntos, e planejarmos como viajaríamos até lá, e pra acabarmos com a saudade acumulada. Mas se estivesse aqui, esse texto não seria sobre saudade, nem sobre lua, nem sobre truques ou gravidade. 
      Seria sobre amor.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Essencialmente você.



De repente você não era mais quem eu costumava conhecer. Por fora continuava o mesmo, e o que eu sentia por você também. No entanto tornara-se o garoto que dava em cima de todas as garotas, e estas corriam desesperadas atrás de ti. Quando abraçava uma delas, me olhava no olho e debochava. Você não era de ninguém, afinal. Muito menos meu. Gostava de se exibir em público e mostrar suas habilidades que surgiram talvez de uma outra vida. Confesso que não entendia por quê você queria aparecer, pensei por um segundo e cheguei a conclusão de que você imaginava que eu sentiria ciúmes. Só que mais que isso, fiquei com raiva por te ver tão decaído daquele jeito, ainda que no fundo você fosse tudo pra mim.

Eu sabia que éramos algo. Você podia não ser meu, mas éramos algo - tínhamos que ser. Abracei-te, olhando para o alto até que enxergasse seu rosto. "Você não se acha muito alto?", perguntei, por um momento imaginando que aquilo teria um duplo sentido ideal para aquele momento. Você apenas sorriu e continuou andando com seu braço direito por cima dos meus ombros. Como se eu fosse tua (o que não era de todo mal). No meio da multidão de alunos desconhecidos, você desenrolou seus braços de mim e me puxou para uma dança que me fez lembrar do dia que nos conhecemos. 

O flashback começou e você se exibia para as garotas do ginásio quase lotado, dançava com uma ginga que nunca fui capaz de presenciar. Puxava as garotas mais lindas pra dançar e ameaçava dar-lhes beijos que elas sabiam que não chegariam em suas bocas. Enquanto me perguntava quão popular você era ali, alguém empurrou-me, jogando-me em você, que sem nem hesitar tirou-me para dançar uma dança que, honestamente, não fazia ideia de qual era. Tentei seguir seus passos, e logo entendi o assanhamento das meninas por você. Você olhou-me os olhos e sorriu, aproveitando-se da minha descoordenação que não existia minutos atrás.

Voltei ao presente no mesmo segundo em que quase me derrubou num dos teus malabarismos. Paramos, e quando sentamos num dos bancos ali perto, dei-te três beijinhos de desculpas adiantadas e sai correndo, fugindo. Corri o mais rápido que pude, passei por ruas obscuras e árvores que se juntavam formando uma só. Não queria olhar pra trás e correr o risco de decepcionar-me por não te ver me seguindo.

E então acordei. Sem saber se você fora à minha procura ou continuou no seu mundo que eu desconhecia. Concluí apenas que seu comportamento tomou um rumo diferente e totalmente inesperado, portanto sua essência permaneceu a mesma, fazendo-me gostar de ti da mesma maneira que gostaria se fosse um milhionário metido ou um criminoso sem teto.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Desapareci.


Num minuto ali, e no outro noutro lugar. Fui sem avisar, não deixei rastros ou migalhas. Não queria ser encontrada. Por isso espero que no meio do caminho você não se lembre do perfume que eu costumava usar especialmente para encontrar-te, porque ainda posso sentir resquícios dele escondidos comigo. Você sabe que é mais fácil assim, sem abalar-me com palavras que sei que sairiam da tua boca. Não deve ser complicado entender, mas se tentasse obrigar-me a falar, eu não conseguiria mais olhar seus olhos do mesmo jeito. Ainda assim, escondida, meu corpo pede por você! Meus dedos procuram os seus na cadeira vazia ao lado, minhas pernas abraçam as milhares de almofadas que simulam seu corpo, e meu coração bate mais rápido quando te vê nos sonhos que pouco me lembro.

Dias atrás, enquanto você me olhava nos olhos implorando por uma resposta da pergunta casual que não prestei um teco de atenção, tudo que eu conseguia pensar era em quão irritado você ficaria se eu tentasse te beijar. Será que valia a pena arriscar nossa amizade? Maldito amigo. Quero mais que isso. E você nunca saberá, porque eu fugi acovardada pelo medo de não ser correspondida. Isso mesmo que sou: uma covarde. Pelo menos meu coração ainda está intacto, sem ferimentos graves nem possíveis fraturas irreversíveis. No entanto, lá no fundinho, tenho esperanças do teu coração olhar pro meu e se apaixonar. Se isso acontecer, nós - eu e meu coração - esperamos que você nos diga como é isso, para gritarmos que sempre sentimos o mesmo.

Até lá tentarei conformar-me com seus sorrisos no meio da multidão, e nossos olhares que se cruzarem (o meu imaginando que você guarda um amor enorme por mim). Me conformarei que nossa história é só mais uma, como todas as outras. Me contentarei esperando ansiosamente que você veja o quanto somos feitos um pro outro. Me contentarei mesmo sabendo que sua resposta poderia, quem sabe, ser um sim. Um sim. Quem dera. Um sim.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Era uma vez um amor.



- Estou gostando de ti... Acho.
- Somos amigos. E você sabe que acabei de ter uma decepção enorme com uma pessoa.
- Eu sei. Mas não é porque você teve uma decepção que outra pessoa também te decepcionará.
- Eu não penso assim. Nós somos amigos.
- Desculpe, não deveria ter falado.
- Não se desculpe. Quando gostamos de alguém, temos que falar.
- Só não é como num filme que você me dá uma chance e fica tudo bem.
- Eu penso assim, não vejo problemas em falar sobre sentimentos.
- É complicado, pelo menos pra mim.
- Não é complicado. É lindo.
- Lindo quando dá certo. Não tem nada de lindo quando não dá.
- É lindo de qualquer jeito, só seria melhor se desse certo. Isso acontece com todo mundo. Eu mesma passei por isso.
- Por que não podia ser tudo mais simples?
- Porque se fosse simples não teria graça.
- Não vi graça até agora.
- Já passei por isso e, acredite, é normal.
- Minha vida resume-se no filme de hoje. (A arte da conquista)
Risos. - Eu não sou uma vadia fútil.
- E sádica! Posso passar logo pra parte que tudo dá certo?

Escrito por Vincent, modificado por mim.

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