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sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Pra quando você chegar.



Moça, eu não sei se você já chegou, mas tenho umas coisas para te falar. 

Já faz um tempo que eu e ele não temos mais nada, e nesse meio tempo vocês já podem ter se encontrado. Ele é um cara bom, sabe? Vai fazer tu se sentir completa, e te deixar com saudade por um tempo que eu diria ser... sempre. Está certo que ele é um pouco orgulhoso e cheio de si (você já deve ter percebido), mas é só uma casca que ele criou pra camuflar todos os sentimentos que ele não gosta de mostrar pra ninguém.

Devo te avisar que no começo será mil maravilhas! Ele se adapta à qualquer tipo de pessoa, vai ser o cara que você nunca sonhou e que agora é tudo que você precisa. Uma hora ele vai tocar na sua ferida, e invés de doer, vai sarar. Você provavelmente ficará um pouco viciada nisso, nessa coisa dele consertar tudo que estava errado antes dele chegar. Um dia vai parecer que ninguém mais é tão legal quanto ele, nem tão inteligente, nem tão bonito, e nem tão talentoso. Isso fará você querer deixar de lado algumas amizades, mas não faça isso. Ele pode te machucar, a única pessoa que você vai querer recorrer será o causador dessa ferida e você não poderá.

Ele é bom com discussões. Tem argumentos que deixariam qualquer um sem palavras. Discuta com ele, ele gosta de conversas longas e produtivas. Vai jogar muita coisa na sua cara, e muita coisa não será boa. Talvez ele diga que você só pensa em si ou que você precisa ser mais decidida pro que quer da vida. Não se abale, porque ele vai te inspirar a ser alguém importante nesse mundão. Quando ele pegar muito pesado, releve, às vezes ele não pensa ao agir, a vida dele é provavelmente mais estressante que a sua. Logo ele se dará conta de como não foi muito legal e se desculpará. Caso não faça isso, esqueça. Ele vale a pena.

Uma vez ele disse que eu era importante, por isso deixou que eu conhecesse um pouco dele de verdade. Ter me contado pode ter sido um erro, já que deixei de ser a guria que deixava-o bem para ser ninguém, então não espere que ele se abra pra ti logo de cara. Minha teoria é que ele já deve ter passado por coisas que o destruíram de uma forma que o fez não ter mais confiança nas pessoas. No entanto, se um dia ele te contar, ah, guria, é possível que você tenha conquistado o coração desse rapaz. É importante que você o ame quando isso acontecer. Não acabe com o coração dele. Ele merece a melhor guria de todas. 

Eu queria te contar tanto sobre ele que eu ficaria aqui a madrugada inteira, porém o objetivo disso é que eu preciso que você cuide dele, mesmo que ele diga que sabe se cuidar. Cuida sem ele perceber. Não prenda-o, ele gosta de ser livre. Só esteja lá quando ele precisar, e não esteja quando ele não quiser. Se um dia ele parar de te responder, tenha certeza que o silêncio dele também é uma resposta, então afaste-se. Não estrague tudo se ele voltar. Por favor, faça ele ser o cara mais feliz do universo. Está nas suas mãos agora. E por último, se você puder, diga que sinto saudades e que ele sempre estará guardado no meu coração.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Raped.



     Ela tentou fugir! Gritou, mas parecia ninguém ouvir. A rua, quase tão escura quanto aquela noite, não tinha uma alma viva sequer. Desesperou-se por estar sozinha. Quando imaginaria que alguém observava seus passos brincalhões que passavam todos os dias pelas mesmas calçadas? 
     Debateu-se ao máximo com a pouca força que tinha, porém aqueles braços eram grandes demais para seu pequeno corpo. Chorou, mesmo não querendo deixar transparecer o quanto sentia-se frágil. Na sua última tentativa de fuga, quando mordeu o pulso do homem que a machucava, sentiu a palma furiosa da mão dele em seu rosto. Viu que seria impossível livrar-se dali. Então cedeu. Seu corpo parou de lutar, enquanto seus olhos ainda imploravam misericórdia. Ela também sabia que aquilo provavelmente não funcionaria, mas naquela hora qualquer tentativa parecia valer a pena.
      Estava tão ocupada pensando em como sair daqueles braços que mal percebera quando pararam em um casebre aparentemente abandonado. Estava com muito medo. Não fazia ideia de como chegara àquele lugar.
     O homem, sem nenhum cuidado, jogara-a num canto de um dos minúsculos quartos fétidos dali. Os olhos aterrorizados dela percorreram pelo cômodo com desgosto, pairando o olhar na face que mais temeria dali em diante.
     Ele aproximou-se com um lenço que amarrou forte nos pulsos e na boca da menina. Despiu-a logo depois de tirar sua calça. Ela não entendia muito sobre estupro, mas aquela parecia a hora exata para o significado da tal palavra. Fechou os olhos. Não queria lembrar daquela cena, já tinha imagens suficientes que não esqueceria tão breve. Tentou não senti-lo rasgá-la sem piedade. Tentou esquecer que estava ali.
     Violentada, nua e com falta de ar, ainda vivia. Não tivera forças para sair dali. Mal sentia-se viva. Queria ter sido esquecida, para esquecer todas as dores. 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A vista do paraíso.





     Quarta-feira nebulosa, a brisa embaçava o vidro da janela de madeira escura. Por trás dela, ele vigiava uma vistosa sombra caminhando pelos cômodos do prédio da frente, apenas um borrão por trás da maldita neblina - mas com certeza o borrão mais perfeito que já havia visto em toda sua vida. Num impulso se abaixa, com medo de ser percebido. Fecha os olhos, a imagina em seu lado, tocando seu rosto novamente, lhe acariciando os lábios, o beijando descontroladamente. Imagens que percorriam pelos seus olhos castanhos - que na verdade não passavam de frutos de sua própria imaginação.

     Não, ele nunca a possuíra. Nunca tocara seus lábios e sua pele pálida e aparentemente macia. E nunca tocaria.

    Ah! Como a vida pode ser tão injusta? Como nunca poder possuir aqueles que realmente amamos e que consideramos nosso avesso e complemento?  Mas ele era digno - sim, ele tentara, e se recordava de tudo, como se tivesse ocorrido há míseros minutos antes, aquele dia de glória passageira e angústia eterna...

E como é que ocorrera mesmo? Ah sim,

    ela estava no banco do colégio, com seus cabelos louros presos num rabo alto, conversando com suas amigas, abafando risadinhas, inventando causos. Ele se aproximou, vermelho, roxo, azul, com uma flor e um bilhete. Não disse nada, apenas os jogou em suas pernas longas, cobertas pela saia do uniforme. Ela olhou sem entender, mais risinhos abafados. "Leia" ele sussurrou, enquanto se afastava apressadamente, mas num raio de distancia até que curto.

 Fria demais para ser tocada. Quente demais para ser deixada.

  Ela abre o bilhete, o lê em voz alta, jogando sua poesia para suas amigas risonhas. Ele se sente invadido, aquilo era seu íntimo, seu infinito.
E ela apena rira. Não respondeu seu bilhete, não repousou a flor em seus cabelos, não o chamou de trás das arvores, não o beijou, apenas riu. Riu com deboche. Deboche nos lábios. Deboche no olhar.

E com os olhos fechados, escondido embaixo do parapeito da janela, ele ainda podia assistir aquele momento de humilhação acoplado em sua mente, que se afixara como uma doença, um mal, como algo que não se esqueceria tão fácil.

Ele chorava. Os olhos dela gozava de suas lágrimas. Humilhação. Desespero. Vazio. Abandono. Morte? Não. Não enquanto ele poderia continuar observando-a da janela. Não enquanto ele poderia tocar seus lábios e acariciar seus cachos macios em pensamento.

E enquanto há pensamento, ainda há esperança.

Redigido por mim: Bárbara Aoki

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Vem de novo.


Talvez ele tenha aparecido para eu voltar a escrever. Pra por os meus sentimentos pra fora e contar como ele estava tão lindo e estupidamente mais sexy do que nunca. Talvez ele tenha aparecido pra saber se era realmente pra ele todos aqueles textos que eu escrevia no caderno que ele encontrou na última gaveta de baixo de todas as roupas do meu guarda roupa. Ele provavelmente deve ter dado aquele sorriso - que faz fechar os olhos - depois de ter lido isso. E de novo.
Provavelmente a real intenção dele era me mostrar que ele é o homem para mim, e não o boyzinho alienado, como ele gostava de chamar o cara que vinha me fazendo feliz pelos últimos 2 anos, o mesmo que a pouco me deu uma surra no coração (não necessariamente ao pé da letra), mas que machucou tanto por dentro que por fora chegou a cheirar carniça. Ele, este que apareceu, chegou nessa hora em que eu estava mergulhada na podridão, e me fez desejar amar novamente. Me deu um pouquinho de si sem cobrar nada de mim, pra eu me viciar e me tornar completamente dependente dele. Como uma droga. Era isso que ele era: uma droga. Ele me dava o prazer de estar com ele como se fossem os últimos minutos da vida, e depois ficava um tempo sem aparecer nem dar satisfação. Eu não sabia se ele queria estar comigo, e isso não importava, porque eu precisava estar com ele. E a partir daquele momento eu faria de tudo pra ele nunca mais sair do meu lado. O problema é que parecia que ele queria fugir de mim. Mas a culpa era toda dele por acender meu desejo de viver. Por isso era dever dele continuar ali.
Eu sei que deve ter sido difícil me ver com outro. Sei disso porque nossos olhos se cruzaram enquanto eu beijava este outro, e eu vi tanto sentimento que nunca tinha visto antes. Será impossível esquecer. E então ele fugiu. Mas eu sabia que ele voltaria. Ele tinha que voltar. Porque ele sempre foi e sempre será o cara da minha vida; o príncipe que apareceu sem cavalo branco ou diamante; o príncipe que é sapo, mas que é o mais encantador de todos. 

Me perdoa? Por ter percebido tudo isso só agora. 
E volta? Preciso saber como é ser amada de novo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Equação.


Você é uma daquelas equações enormes, que dão dor de cabeça e vontade de desistir trezentas vezes até chegar no resultado final. E o resultado final sempre é 0. Ou 1. Todo mundo é, na verdade. (Uma monstruosidade externa e alguma flor - ou nem isso, às vezes - interna). Mas com você foi total, completa, escrota e pleonasticamente diferente. Eu já sabia o seu resultado quando comecei a te decifrar. De trás pra frente. Tudo é igual, mas dá para ser igual diferente. Quem decidiu isso? Deus? A vida? Destino? Não sei, não sabemos, mas foi, é. Igual diferente. Você, eu, nós, não-nós, nós-inexistente, aquele amor que virá, o ódio também, os que não virão… Semelhante ao resto, mas diferenciado. Vai saber, vai saber.”
Não é pi, nem delta. Nunca vi algo igual. Ninguém me ensinou como resolver. Tá foda.

Texto escrito por Yasmin.

terça-feira, 24 de julho de 2012

O tempo não é remédio.


Por que não passa? Por que não para? Alguém precisa me explicar qual o motivo de enganarem as pessoas dizendo que o tempo melhora as coisas ou me avisarem de quanto tempo é necessário. O nó na garganta nunca se desfez, apenas afrouxou algumas vezes e voltou a apertar. Os olhos ainda não secaram e nada, além da esperança, diminuiu com o tempo. O espaço para as palavras que ficaram faltando ainda está em branco, esperando para ser completado. 

Alethéia Skowronski.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Novas aventuras. Quem topa?


Preciso de aventuras que sejam mais dolorosas que a anterior. Não, não pense errado, não sou masoquista, nem nada do tipo. Quero apenas esquecer o último sofrimento.
Antes, saiba que denomino "aventura" tudo aquilo que faz meu sangue se agitar, fazendo meu coração bater mais rápido e meu cérebro entrar em pane. É, bem parecido com o que chamam de amor. Talvez até seja o próprio, quem sabe. 
A questão é que preciso de umas boas pontadas de ciúmes e decepção. Provavelmente uma dose de música que me faça parar de ouvir a dose passada. Ou quem sabe um punhado de novas poesias recitadas por um novo destruidor de corações? Cairiam muito bem para a ocasião. Juro que nem reclamaria.
É claro, isso tudo seria muito mais fácil se eu oferecesse meu coração para qualquer um que desejasse tê-lo. Mas me desfazer de tudo que aconteceu... Fingir que não foi nada... Simular uma vida perfeita... Não é fácil.
Essa nova aventura poderia chegar assim, no nada, como a anterior. E como a anterior, poderia deixar rastros de toda a destruição. Provavelmente a possibilidade de eu implorar novas dores depois dessa será muito alta, no entanto, por quê não arriscar? Impossível qualquer dor ser tão malvada como a anterior. Mas talvez seja suficiente para apagar todas as outras.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Uma vontade de chorar.



(…) Sentia vontade de chorar, mas não saia lágrima alguma. Era só uma espécie de tristeza, de náusea, uma mistura de uma com a outra, não existe nada pior. Acho que você sabe o que quero dizer, todo mundo, volta e meia, passa por isso, só que comigo é muito freqüente, acontece demais.

Charles Bukowski   

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Pausa para duas lágrimas


 Você ainda me dói. Não tanto quanto antes, quando eu fiquei sozinha, ferida e afogada, mas dói.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

23 de Maio de 2012, 12h 12m


Querido Bê,

Olho pela janela todo minuto, e nada de você. Estou com saudades e você não aparece. Você disse que estaria aqui ao meio dia em ponto. Já estou ficando preocupada. Só porque eu tinha feito sua comida preferida junto com sua sobremesa preferida (até loquei um filme de ação invés de um romance), e você não aparece.

Tudo estava indo tão bem, fazia tanto tempo que eu não discutia com você. Mas acho injusto eu ter que esperar pelo meu amor por tanto tempo assim. Eu sei, eu sei, são só alguns minutos de atraso. Só que ficar sem você dói tanto. Dói aqui dentro do peito, sabe? Mentira. Dói o corpo todo, e parece que vou explodir se ficar sem te ver.

Desculpe por ser tão grudenta, vou tentar melhorar.

Ps: Você está chegando com seu sorriso lindo agora.

Não invente desculpas esfarrapadas,

Eu te amo mais do que filme de romance.

Alie.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Obrigada!



 Pensei estar sendo esperta ao te dar meu coração. Foi a primeira vez que resolvi confiar, apostar, me doar. Desde o primeiro beijo (e antes mesmo dele) nos imaginei num futuro distante e bonito. Pude me ver sorridente ao teu lado daqui vinte anos. Te vi explicando nossas fotos e nossa história a todos que se mostrassem interessados.
 Mas não. Não poderia ser tão fácil. Como má amante que sou, errei. Apesar de consciente, não enxergava que tinha algo tão bom ao meu lado. Chorei. Por nada. Menti. Não soube agir. Foi amor demais pra mim, e não tinha noção de como recebê-lo. E então, o rosto sempre risonho e a alma pura que você conheceu se transformaram em um olhar vazio e um punhado de lágrimas sem motivo. Não te culpo por desistir. Não era mais a pessoa por quem você se apaixonou, e devia ter te dado aviso prévio que seria assim. Me torno outra enquanto amo. Alguém que não gosto, e você também pareceu não gostar.
 Então, obrigada por me fazer voltar ao normal, a ser novamente o sorriso e não o mar. Você me machucou por um momento e sei que a cicatriz será eterna, mas foi uma daquelas dores que vêm para o bem. Não sei se seu sacrifício foi verdadeiro, mas me fiz acreditar que sim. Te faz mais bonito e sincero aos meus olhos pensar assim. E pensar que agora no lugar do futuro que imaginei há um buraco escuro (ou uma luz extremamente clara que não me permite enxergar nada) ainda me fere um pouco, mas me consola saber que esse futuro, mesmo que ficassemos juntos pra sempre, nunca existiria. 
 E se tudo tiver dado errado por falta de preparo em relação a sentimentos ou imaturidade minha, ambos sabemos que uma hora passa, e então estarei pronta para amar o quanto meu coração quiser. Encontrarei a pessoa certa, seja ela quem for, e cuidarei dela como manda o figurino (não que o amor tenha de fato um figurino). Não reclamaria se essa pessoa fosse você. 

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

É simples, quando se tem um motivo.


- Não é que eu queira pular. Eu preciso. Pode parecer um tanto exagerado, talvez infantilidade ou até hipocrisia, mas não consigo continuar com toda essa farsa. Você sabe, essa coisa de viver fingindo a felicidade. Não é tão simples como parece. As pessoas já não estão mais nem aí para o que eu penso ou deixo de pensar. Por vezes me sinto fora de um grupo que faço parte há anos. Nem um amor eu tenho de verdade. Tudo bem, tem o amor dos meus pais, mas será que é mesmo suficiente? Queria amar alguém pra vida inteira, queria cuidar de alguém. Queria fazer um café da manhã e levar na cama para comermos juntos, queria alguém que corresse pelos parques comigo, e gritasse para o mundo que nós somos um só. Queria uma pessoa especial, alguém para ser pai dos meus filhos... Eu sei, eu disse que não faria drama, mas também avisei sobre a possibilidade dos meus motivos serem banais...
- Me dá a sua mão - ele estendeu a dele.
- Por que?
- Não posso viver sem a garota que acabou de mudar o meu mundo. Se você for pular, eu também pulo.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Sou tola.


Eu sou mesmo uma tola, mas me sinto deliciosamente tola… podem jogar pedras, magoar, machucar, mas recupero tão rápido que chega a ser impressionante. Tenho facilidade de cicatrização e tiro proveito disso. Está certo que umas feridas são mais profundas e demandam mais tempo para serem fechadas. Não existe milagre. Mas elas fecham. E novamente entrego-me para nova tentativa, mesmo com as chances de novos machucados. Não adianta, sou teimosa, turrona ou qualquer outra palavra que queiram usar para definir-me. Mas ninguém pode contestar o que digo. As provas são as cicatrizes que carrego e cada uma delas traz um nome, um sentimento, uma experiência. E verão que possuo várias com o mesmo nome. Está bem, não sou teimosa. Sou como disse no início, sou tola. Não importo de o ser, desde que sinta alegria no recomeço, na reconciliação, no abraço, no choro. Mais que alegria, sinto satisfação, sinto prazer. Amo as pessoas e o contato com elas. Amo conversar e desbravar outros universos. Amo gente. Amo amar gente.


Leca.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Seu cargo na minha vida.


E mais uma vez, eu abri uma página sua de uma rede social e fiquei olhando sua foto. Como eu já sorri olhando praquilo, você não tem idéia. Mas das ultimas vezes, infelizmente não era sorrindo que eu olhava, era com desanimo, com saudade e mágoas misturadas. Por que você tinha que matar tudo que eu sentia? Me obrigou a morrer também. Me obrigou a fingir estar viva pra todo mundo. Me obrigou a não chorar, quando tive vontade de chorar. Vontade de te esmurrar, de dizer que você é um idiota, um babaca, um cretino, um fraco, nunca passou disso. Nunca uma piada sua foi engraçada, nunca você me surpreendeu. Nunca. Mas eu não consigo deixar de pensar em você, a cada dia, a cada ato meu. E quando eu procuro outras pessoas, eu procuro imaginando você me vendo, e tendo ódio de mim. Porque eu quero que sinta ódio. Porque ódio significa alguma coisa, e é melhor que indiferença. Você que já foi tudo, já foi minha esperança, foi meu futuro imaginado, hoje não é nada. Não passa de uma foto numa rede social. Se eu vivo bem sem você, por que continuo te olhando? Por que sempre volto aqui? Por que ouço musicas que falam de tristeza? Por quê? Você não vale isso. Mas eu faço, e continuo fazendo. Como uma cerimônia de luto, eu sigo a risca. Mas acontece que você não morreu de verdade, do jeito que eu preferia que morresse. Você está ai vivo, vivendo sua vida, fazendo suas coisas, feliz, tranquilo, sem sentir minha falta, sem olhar minha foto em uma rede social. Por que eu não consigo? Por que você não podia ser alguém? Eu esperei muito de você? Não. Eu não esperei nada, eu entendi tudo, eu entendi o que ninguém entenderia. Eu respeitei. Eu fiz como você quis. Tudo. Eu me anulei. Eu deixei de me amar, pra todo meu amor ser só seu. Eu voltei atrás. Eu chorei, eu pedi desculpas, eu aguentei besteiras. Aguentei tudo. Ajuntando do chão, migalhas do seu carinho, migalhas do seu amor. Do seu jeito explosivo e calmo. Um dia me amando como se a terra fosse acabar depois da meia noite, no outro dia um desconhecido me pedindo pra tratá-lo como qualquer um, por favor. Você é meu personagem favorito. O dono de todos os meus textos, de todas as minhas histórias. O dono da curvinha das minhas costas. E eu tenho que dizer isso agora, só pra uma foto numa rede social. Porque você morreu na minha vida. Você pediu demissão, seu cargo era o de presidente, era membro honorário do conselho, tinha tapete vermelho e eu me vestiria até de secretária se te agradasse. E você pediu demissão, sem aviso prévio nem nada. Me diz agora, como viver bem? Como sobreviver sem essa ponta de angustia? Eu sou feliz, cara. Eu sou feliz demais. Mas eu sou infeliz demais quando penso em você. Quando penso no que poderia ser, no que poderia ter sido. Eu sei que não dá. Eu nem quero que dê. Não quero mais. Mas não sei o que fazer com esse nó. Vai passar né? Eu sei. Com o tempo eu não vou mais olhar sua foto, nem sofrer, nem pensar o quanto é infeliz tudo o que aconteceu. Tomara que passe logo. Porque a vontade de te ressuscitar as vezes, me domina.

Tati Bernardi.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Escravidão assinada.



É hoje, amigo. É hoje o dia de entornar todas, esperar o peito explodir e pedir alforria.
Pois que tragam cerveja, conhaque, e umas cachaças se puderem. Hoje a conversa é franca e a prosa é direta: sofrer. 
Essa prolixidade toda, esse enfeite que a gente arruma no poema, e esse poema que a gente arruma de enfeite, de nada vale. Arrisco dizer que até o “sofrer” é poético demais pra sair da boca de quem já perdeu as contas de quantos cigarros já tragou sem boemia alguma, sem café pra acompanhar, sem jeito elegante de movimentar os lábios na esperança de uma sutil observação feminina… No fim das contas, a gente descobre que a vida vagabunda tem sido mais útil do que essa de escritor. Me deixe – assim, do jeito que se fala, sem ênclise – explicar os meus motivos pra começar a ser largado e deixar de ser sendo.

Nascemos, crescemos (ou não), poetamos, amamos, sofremos, enlouquecemos, definhamos e morremos: essa é a vida do poeta.
Repare que tudo começa a desgraçar quando a poesia entra pelas frestas da sua vida. A infeliz chega de mansinho, te arranca uma lágrima de satisfação, um sorriso de ternura… Vem se arrumando quietinha no teu peito, se aconchegando, te abraçando, logo te beija e daí pra frente começa um verdadeiro estupro: você é propriedade dela.
É, exatamente isso… A danada te deixa possuído, ao passo que antes, quando você lia, derramava uma ou duas lágrimas de emoção, e hoje em dia ela te arrebenta o peito, te faz arfar, sofrer, morrer dez vezes em uma estrofe de poema. Antes, se sentava à mesa com tempo e dedicação para escrever algo por vaidade, hoje em dia ela te acorda no meio da noite, com socos e pontapés, te incomodando até você meter a mão no papel da consulta da semana que vem e rabiscar o que ela te manda – e ai de você se não se atentar a ela. Isso quando ela não inventa de gritar no meio da rua, na praça, na estação, na padaria… Não tem o mínimo senso; não para pra pensar se a hora é apropriada porque, pra ela, todas as horas são apropriadas, não importando como você esteja. Ela não te dá possibilidades de escolha nem tampouco espera: dito e feito.
Antes era uma coisa ou outra. Você admirava a beleza e execrava a falta dela. Agora, não há coisa mais bonita do que os dentinhos separados da Brigitte Bardot e o sotaque caipira do homem que fala “ocê”. Antes, você queria ser advogado, juiz, promotor… Hoje em dia o seu sonho é trabalhar em uma floricultura, em um café, dar aulas de História ou se meter em Literatura. Antes, você terminava um livro e sentia uma sensação de dever cumprido, hoje você fecha a página aos prantos pensando ter morrido amigos de infância que você conheceu em algumas páginas atrás. Antes os seus antes eram frutos do caminho que você traçava e esperava chegar, hoje… Hoje o caminho onde você se mete a caminhar é das pedrinhas das reticências.
A verdade, amigo, é que colocando o ponto final no teu primeiro poema você assina o seu contrato de escravatura eterna. Descobre que durante sua vida você vai amar ou odiar, ou fazer os dois ao mesmo tempo, afinal, razão e sentido é algo que só os soldados farão, como disse um dos seus que já se encontra luarizado.
Calaram-se as ordens, cessaram-se os chicotes: o escravo tem liberdade de pôr o ponto final.


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Um dia você volta atrás.


Ele te convence. Chora. Te pega de jeito. E você lembra que ninguém beija como ele, ninguém abraça como ele, ninguém olha como ele, ninguém ri como ele, ninguém te enlouquece como ele. E você decide que ele é o homem da sua vida, afinal, se já sofreu tanto, se envolveu tanto, se ferrou tanto, meu Deus do céu, tem uma coisa muito boa guardada pra mim. Ninguém sofre tanto assim sem recompensa. Se vocês já passaram por tanta coisa juntos é porque o final vai ser feliz.

Clarissa Corrêa

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pútrida noite.


E então eu pensei que estava farta de sofrer por todos aqueles babacas que entraram na minha vida. E que seria muito mais fácil se eu sentisse um pouco menos, e fosse um pouco mais como essas meninas fúteis de hoje em dia. Por isso eu saí. Me desapeguei do travesseiro que enxugou minhas lágrimas naqueles últimos... meses. Me arrumei. A meia arrastão era só aperitivo para depois da meia noite. A maquiagem, feita especialmente para chamar a atenção dos que só precisavam de diversão. O espartilho, para mostrar o que eu nunca mostrei. E a mini-saia, só pra provocar. Eu estava pronta. Pronta para esquecer todos os outros problemas, as dores, os amores. Pela primeira vez na vida, tudo parecia estar ao meu favor. Os homens caiam aos meus pés! Era uma sensação incrível. Eu era desejada. Mesmo que por um minuto. Eu me sentia desejada. E quer saber? Eu pude escolher com qual ficar. E fiquei com muitos. Era muito melhor do que eu imaginei. Não me importar com o mundo, com amores, com quantos cães foram mortos naquele minuto, ou quantas mães tiveram coragem de abortar, ou até em quantos políticos estavam mergulhando nas suas falcatruas intermináveis. Era só eu. Nada como ser mais uma garota fútil... Futilidade. Era isso então que faziam tais garotas tão felizes?
Porque... Essa foi a felicidade mais passageira que já tive. A mais fétida e frívola também. Que afinal, não valia nem o esmalte pintado para a ocasião.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Tell me, love.


- Porque você simplesmente não diz tudo o que você sente, menina? - minha consciência perguntou.
- Não é tão simples assim, tenho medo de machucar.
- Você, ou ele?
- Eu... Ele... Os dois.
- Você tem que dizer, algum dia.
- Mas se disser, vou perdê-lo, como sempre aconteceu.
- Arrisque! Se ele te amar, ele continuará do seu lado.
- É o que todos dizem.
- O que?
- Essa coisa de amor.
- Que coisa?
- Isso, de que se existir amor, tudo ficará bem.
- E não ficará?
- Eu amei e não ficou.
- Como sabe que era amor?
- Eu não sei - pensei -. Amor não é aquele sentimento de culpa depois de uma briga? Não é acordar todos os dias lembrando de como foi lindo o dia que passaram juntos? Não é chorar com ele? Viver por ele? Sentir saudade logo depois da despedida? Olhar o celular procurando por uma mensagem ou ligação? Não é guardar aquela roupa especial para quando forem se ver? Não é aprender a tocar aquela música que você odeia, por ele? Não é imaginar como seria lindo viver com ele para o resto da vida? E saber que não conseguiria viver sem ele depois daquele bendito dia em que se conheceram?
- É sim - sussurrou atrás de mim a única voz que conseguia me fazer feliz.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

É difícil esquecer, não é?


Por que você ainda olha as fotos? Por que ainda abre alguns históricos? O que essas mensagens fazem guardadas no seu celular, mesmo sabendo que nada dito nelas faz mais sentido? Tu ainda guardas aqueles bilhetinhos bobos que pra qualquer um não significaria nada, não é? Mas tem a grafia gravada ali e pra ti, isso já é muito. Aquela pétala, ou aquela rosa, estão amassadas e guardadas na página de algum livro preferido teu e provavelmente na parte em que tu mais gostaste da história. E tem ainda aquele bichinho de pelúcia que não consegue se desapegar, já pensou em dormir algumas noites sem ele? É difícil, né? Esse bichinho já te viu chorar inúmeras vezes e tu já se pegaste conversando com ele, pra ver se algum sinal surgia. Mas nada, absolutamente nada aconteceu, nada mudou. Só o que se transformou foi o sentimento, em algo conformado, já que só a saudade é que te acompanha agora, como tua melhor amiga. E mesmo assim, tu não queres largá-la, mesmo que machuque, mesmo que doa, não vai deixá-la porque é ela que te lembra, por cada segundo que passa, que algo bom já aconteceu um dia, que tu já tiveste momentos tão felizes que faria de tudo para voltar.


G. Vieira

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Tento.


Aí eu tomo um banho bem quente, pra te espantar da minha pele. E canto bem alto, pra te espantar da minha alma. E escovo minha língua bem forte, pra separar seu gosto do meu. E quase vomito, pra parir você do meu fígado. E tento ser prática e parar de suspirar. E tento abrir a geladeira sem me perguntar o que eu poderia comprar pra te agradar. E tento me vestir sem carregar a esperança de esbarrar com você por aí. E tento ouvir uma música sem lembrar que você gosta de se esfregar de lado em mim. E tento colocar uma simples calcinha e não uma bala perdida pronta pra acertar você. E tento ser só eu, simplesmente eu, novamente, sem esse morador pentelho que resolveu acampar em mim. E nada disso adianta. E o esforço pra não fazer nada disso já é fazer tudo isso.

Tati Bernardi.

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