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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Carta para uma Thais adulta.


14 de dezembro de 2013

Querida Thais do futuro,

Como você está?

Hoje é seu aniversário! Quantos verões você já comemorou desde o dia em que eu escrevi isto pela primeira vez? Já conseguiu conquistar todas as metas da sua vida? Você ainda lembra para quantas pessoas prometeu sua amizade eterna? Você pelo menos ainda mantém um mínimo de contato com eles? Porque eles eram seus melhores amigos e você até chorou quando foi embora. Você lembra quem são eles, e lembra dos seus sobrenomes e suas personalidades? Você conheceu novas pessoas? Abandonou as outras? Você sabe o quanto no fundo eu queria que fosse pra sempre. Por falar nisso, continua desacreditando no pra sempre? Você descobriu se aqueles seus "amigos" que saíram da sua vida do nada eram realmente seus amigos? Quebrou a cara tantas vezes como eu imagino?

Ah, espero tanto que você tenha conseguido comprar a casa dos sonhos da sua mãe. Como ela está, aliás? Feliz? Ela finalmente está aproveitando tudo que ela sempre mereceu? E seu pai? Ele conseguiu um bom emprego para mostrar como ele é excelente em tudo? Você vê ele sempre agora? Não me diga que o vê uma vez em anos... Você já passou muito tempo longe dele! E seus irmãos? Eles estão bem sucedidos como espero que estejam? Como eles são grandes, crescidos, adultos? Continuam os mesmos? Oh, Deus, espero que vocês não tenham brigado e ficado distantes sem saber notícias uns dos outros. Você continua orgulhosa dos irmãos que tem?

E como vai sua saúde? Você tem cuidado da sua alergia? O alzheimer já te atacou? Você continua esquecida e avoada como sempre foi? Conseguiu arranjar o trabalho dos seus sonhos ou ao menos descobriu qual é o trabalho dos seus sonhos? Não venha me dizer que está atrás de um balcão de escritório desperdiçando todo o talento que tinha. Também não me diga que ficou presa na sua cidade natal sem fazer o tur mundial como sempre desejou.

E seus amores? Continua se apaixonando pelos caras errados ou já encontrou sua alma gêmea? Você não anda tentando destruir seus próprios relacionamentos como costumava fazer, certo? Diga-me que finalmente encontrou o rapaz dos seus sonhos! Já casou? Sua festa de casamento foi a sós com seu noivo em algum lugar do planeta, como você sempre quis? Ele é um cara bacana? Ou você simplesmente virou uma senhora que cuida dos idosos no asilo da sua cidade? Espero pelo menos que esteja fazendo algum bem à humanidade.

Como está a humanidade? Continuam destruindo o mundo? Ainda existem árvores? Por favor, diga-me que sim! Não quero ver meus filhos e netos morrendo porque vocês destruíram o planeta. Você já tem filhos? Quantos e quais seus nomes? Não vejo a hora de conhecê-los, fico ansiosa só de imaginar a possibilidade. Você vai educá-los como foi educada, certo?

Não quero ouvir que seu maior sonho é voltar no tempo, ou que sua vida foi desperdiçada, ou que não vê sentido em viver. Enfim, eu só quero que você esteja muito feliz, independente de qualquer pergunta não respondida. Que você tenha feito as melhores escolhas que poderia, e que, caso você não tenha feito nada disso... FAÇA! Ainda dá tempo, acredite.

Com carinho,

Uma Thais adolescente.

sábado, 4 de julho de 2015

Se minha vida fosse um livro.



Se minha vida fosse um livro, você seria a parte em que tudo começa a ficar bom. Sabe quando de repente não se consegue mais ler só uma página? E todo final de capítulo te implora pra ler o próximo? E seus olhos começam a jorrar lágrimas porque estão lutando entre o sono ou o ápice da história? É bem aí que você está.

De umas páginas pra cá tu tem se tornado protagonista da minha trama. Ainda não está claro sua exata importância na minha biografia. Se eu pudesse virar algumas páginas eu teria a resposta de tudo. Só que aposto que nada teria sentido, de tantas pontas soltas. E também não quero pular todas as coisas boas (e as ruins) que nós iremos passar. O bom é ler letra por letra, linha por linha. Sentir tudo bem sentido.

Se minha vida fosse um livro e eu tivesse leitores, você estaria encantando todos eles. Neste momento mesmo, alguns deveriam estar implorando pra aparecer alguém como você em suas vidas. Pra eles você é o cara que só existe nos livros e isso me enche o peito, porque eu te conheço em carne viva. Mas não sou hipócrita, talvez você também seja protagonista de algumas outras histórias. Você não é o tipo de personagem que passa despercebido quando esbarra em outras narrativas.

Tenho um pouco de medo, confesso. Você pode achar com facilidade outros romances muito mais interessantes do que a nossa improvável história de... O que quer que seja. Somos duas pessoas difíceis, e eu, particularmente, sou terrível. O escritor não ligou quando me criou com milhões de defeitos, e deve ter pensado que seria fácil digitar um final feliz pra mim. Eu sei. Nem todos os finais são felizes. Torço mais pelo seu final feliz do que pelo meu próprio. Porque eu já aguentei vários outros finais catastróficos, mas não aguentaria te ver nessa posição.

Sim, o seu final porque existe sempre dois lados da moeda. E se sua vida também fosse um livro, bem, eu estaria por lá. Tentando protagonizar. Ser tão importante na sua história como você é na minha. E mesmo seu roteiro tendo muito mais conteúdo, gostaria que ambas se cruzassem por um longo tempo. Queria continuar por aí até um dia conseguir te recompensar pelas melhores páginas da minha vida, que, coincidência ou não, só começaram a acontecer depois da primeira vez que seu nome apareceu num capítulo totalmente destruído.

domingo, 28 de junho de 2015

A única delas é você.

Foto: Lukasz

Já conheci milhões de mulheres, e apaixonei-me por um bocado delas. Cada uma desfrutava de uma peculiaridade. A maioria ofereceu-me pelo menos uma boa noite de sexo. No entanto nenhuma delas era como você. Nem a mais exótica, nem a mais conservada. Juro, não era porque elas foram fáceis de conquistar, nem porque elas abriram as pernas no primeiro encontro e você não. Porque você também fez isso. Só que por algum motivo era você que sempre esteve lá quando meu desejo era pular da sacada do meu prédio. Não foi nenhuma delas que chegou no meu coração e vasculhou todas as minhas dores. Tu que me colocou nos eixos. Até quando eu corria atrás de um desses ordinários pedaços de corpo você me dizia que "não se brinca com os sentimentos de ninguém". Mas nunca ligou se eu brincasse com os seus.

E eu nunca brinquei.

Eu odiava a sensação de necessitar do seu abraço. Costumava carecer de algo que aparentemente seria muito mais complicado conseguir. E, droga, tudo o que eu queria era ouvir a sua respiração acelerada logo depois de uma corrida no parque. Tocar sua mão fingindo que sei fazer a melhor massagem de mãos do universo. Enxugar suas lágrimas na minha camiseta só pra poder sentir mais de perto o seu cheiro. Eu queria decorar todos os seus detalhes... Sua falha na sobrancelha, suas infinitas pintinhas escondidas no seu próprio rosto, os espasmos da sua mão quando você dormia, e tantas outras bobagens que eu só procurava em você.

Nenhuma outra mulher mereceu as horas que eu passei falando de ti para os meus amigos que não estavam nem um pouco interessados. Foi você quem me fez ficar acordado nas infinitas madrugadas imaginando como a soma eu + você no meu colchão surrado resultaria numa noite bem mais aconchegante do que com elas. Porque contigo eu digo "fica mais um pouco" e pra elas eu despejo "tenho que ir". Você me chama pra um concerto e elas me convidam prum motel no meio da estrada. Elas me pedem um oral, e você, um abraço. Elas somem por um mês inteiro e você aparece todas as manhãs. Elas reclamam de como fulana estava mais bonita que ciclana e você me conta de todos os seus sonhos impossíveis. Meu desejo é sempre mandar elas calarem a boca, e fazer os seus sonhos impossíveis tornarem-se nossos sonhos totalmente possíveis.

Você é a única que me entende quando digo que multidões me sufocam, que músicas são como tranquilizantes, e que liberdade é necessidade. As outras me arrastam para baladas lotadas de sons e pessoas que estão lá só por mais uma noite abarrotada de vazio. Você é a única que me odiará por todos os erros que eu cometer, e se odiará por não conseguir fazer de mim um cara melhor, e mesmo assim sempre voltará, porque sua preocupação extrapola qualquer outro sentimento - as outras sempre desistiram nos meus primeiros tropeços. Você é a única por quem eu trocaria uma noite de sexo por um dia de conversa. Que deixa os problemas de lado pra se aventurar comigo pelo mundo. Que me aceita quando o resto do mundo me vira as costas.

"As outras são só as outras."

Você é a única que sempre estará comigo e que nunca será minha.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Estar é amar.


"Eu sou gay", você sussurrou como se aquilo fosse o maior pecado que tivera cometido na vida. E o que eu ouvi foi "obrigado por ser a única pessoa com quem eu posso compartilhar o que venho guardando por tanto tempo".

Eu fora a primeira a saber, e eu chorei por isso. Não é sempre que sou a primeira escolha. Quase esqueci do seu sofrimento de tanta felicidade em saber que era em mim que você confiava. Mas aquelas palavras que saíram da sua boca despedaçaram-me. Estavam cheias de medo de serem rechaçadas, tinham tanto medo do mundo que quase não saíram. Foram expelidas com lágrimas que fizeram o meu coração apertar.

Não vou mentir, tive medo por você.

Medo do que as pessoas que não entendem a normalidade disso poderiam fazer. Tive vergonha de todas as vezes que fizeram piada de homossexuais na sua frente. Bem como doeu saber que você guardou isso durante a vida toda.

Meu primeiro sentimento foi de querer te proteger, mesmo você sendo muito maior que eu, você pareceu pequeno naquela hora.

Indefeso.

Eu cheguei até a entender a madrasta da Rapunzel quando ela trancou-a numa torre, porque foi esse o plano desenvolvido na minha mente: construir uma barreira protetora pra nada te machucar.

Que mundo é esse em que vivemos sem poder amar quem realmente desejamos?

Eu não sei. Ainda assim quero te lembrar que você é livre pra amar quem quiser! Se precisar, estarei sempre por aqui (até quando você achar que não estou mais). Porque afinal, estar é amar.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Te preencha.


Queria um dia conseguir te saciar. Preencher todos os buracos negros que te consomem por dentro. Você consegue imaginar? Ser preenchido invés de consumido? Ver você transbordando seria, de longe, uma das maiores felicidades da minha vida. Entristece saber que eu não sou a pessoa que te satisfaz, que acaba com teus medos, que te revira do avesso e que te desafoga desse oceano de lágrimas encarceradas no seu peito. E mesmo assim quero um dia poder ouvir da sua boca que "não há mais nesse corpo aquele monstro que um dia só crescia".

Eu espero, honestamente, que algo te preencha. Algo porque talvez não seja uma pessoa. Quem sabe uma conquista, um lugar, ou até mesmo um sentimento? Torço desesperadamente para poder ver o seu sorriso quando isso acontecer. Torço para ver isso mesmo que de longe, mesmo que eu não esteja mais tão presente na sua vida. Mesmo que você tenha se mudado pro outro lado do mundo e fale qualquer outra língua desconhecida. Eu preciso ver o seu sorriso de satisfação.

Por ora, gostaria que soubesse que, se quiser, posso ser a tua escora. Você pode abrir seu coração e me deixar entrar, e eu nem preciso ir até as partes mais profundas se isso não for conveniente, posso ficar nas beiradas até que você se sinta confortável. Sei que não sou sua família, mas queria muito poder estar ali nos seus piores dias, quando nada no mundo inteiro te fizer bem. Eu só queria estar ali. Já fico feliz quando conheço seus sentimentos, mesmo que eu não entenda como realmente é. Por ora, quero tentar ser um pedaço daquilo te preencherá um dia.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Você é meu cigarro.


Te descobri num dia comum em um lugar onde eu não costumava frequentar. Junto contigo tinham outros milhares expostos, alguns mais atraentes e alguns nem tanto. Te escolhi por algum critério que não me recordo agora. Talvez pelo design diferente... não sei. Não foi nenhum amigo meu que te apresentou, apesar de alguns deles te conhecerem bem, a iniciativa foi minha em querer experimentar. 

Na embalagem vinha escrito logo de cara que você era prejudicial. E eu já sabia disso antes mesmo de te conhecer. É o que a mídia nos faz acreditar - são todos iguais. Mas são erroneamente iguais: é evidente que cada um tem suas particularidades, senão não haveria preferência.

Era óbvio que eu não era a primeira usuária nem seria a última. Tive curiosidade de ir atrás de cada um que te fumou para saber qual era a sensação, o que tu lhes trouxe de bom e que partes da vida deles tu arruinou. Só que eu não fazia ideia de como obter esse tipo de informação. A princípio tudo o que eu fazia era observar. Li o rótulo tantas vezes que cheguei a decorar cada informação que a embalagem me pudesse oferecer. Eu já não tinha certeza do que eu queria.

O que custava tentar? Nem o vício, nem o estrago viriam tão rápidos assim. Talvez eu nem sentisse a diferença. Por isso experimentei. A primeira tragada foi um pouco asfixiante, a sensação era de que aquilo não deveria estar no meu corpo. Entretanto eu estava tão animada com a ideia de poder te conhecer melhor que me vi lutando para fumar o cigarro inteiro.

Logo, a sensação de te tragar passou a ser tranquilizadora. Acabei por decidir que valia a pena estar contigo independente dos estragos que você faria num futuro próximo ou não. Porque eu me sentia satisfeita. Saciada. Relaxada. Eu podia te fumar o dia inteiro. Talvez isso me matasse mais rápido, "mas e daí?" era só o que eu conseguia pensar.

Mas, agora, quando eu realmente paro pra analisar quão mal você pode me fazer, te escondo porque é mais fácil quando não te tenho em mãos. O problema é que não tem como esconder pra sempre, uma hora você aparece (especialmente  quando estou procurando coisas que não são você). Eu tento ignorar, mas é tão ruim te ver e não te tragar. É mais forte que eu. Aí acontecem as recaídas. Arrisco dizer até que estou viciada. E que droga de vício.

Quando me perguntam porque eu fumo... quando me perguntam porque eu fumo você, respondo "porque gosto". E essa é a resposta mais verdadeira de qualquer uma que eu pudesse pensar. Dizem que viciados nunca se curam em cem por cento. Por isso, mesmo que eu pare de te fumar, ainda vai existir uma parte de mim que implorará para que você apareça de repente e volte me estragar.

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Não foi sobre amor.



Eu nunca te amei. Mas hoje senti sua falta. 

Lembra do dia que você fez a melhor baliza do mundo, no meio de dois carros que estavam muito mais juntos que o normal? Senti falta disso. Da sua habilidade com carros. Das fininhas que tirava ao passar perto e rápido demais de qualquer outra coisa. Senti falta do frio na barriga que isso me causava (misturado com a certeza de que eu estaria a salvo nas suas mãos). Quantas foram as vezes que andei contigo e senti-me sua mulher... Sua companheira! Você tinha um ar de grandeza quando dirigia. Parecia um homem revestindo o corpo de um menino.

Senti falta do nosso sexo. Eu adorava nosso sexo! Provavelmente um dos topos da lista de melhores na cama (não que eu tenha uma lista). Mas você se importava. Com você, mas principalmente comigo. Eu amava só deitar contigo depois. Você geralmente falava demais e por vezes eu não prestei atenção no que saía da sua boca... O que me chamava a atenção eram outros detalhes, como seu sorriso bobo quando contava uma piada que eu fingia ter achado graça, ou sua barba por fazer que te fazia cócegas quando eu o acariciava.

Sinto saudade de estar do seu lado. De me envergonhar quando você entrava na sala onde eu trabalho. De pedir pra você ficar só mais um pouquinho e conseguir fazer você ficar até a madrugada. Saudade de ser idiota e não me sentir inferior por isso, porque você sempre foi meu companheiro de idiotice. Sinto falta até de você soltando pum e dando risada, porque só soltamos pum na frente de quem realmente gostamos.

Eu nunca te amei, mas o tanto que você me fez bem foi suficiente pra eu nunca te esquecer. E, de verdade, eu nunca esquecerei. Você será sempre uma parte da minha vida de eternas boas lembranças. Tudo com você era bom demais pra ter sido amor. Talvez fosse algo perto disso. O que nós tínhamos era leve demais, livre demais, saudável demais. Você preenchia o buraco do amor com outras coisas que só você tinha. Qual era o seu segredo? Nunca descobri. Talvez... um dia se tornasse amor. Sabe aquele tipo de amor que é construído com o decorrer dos anos e que só cresce, nunca diminui? Acho que é isso. Não foi sobre amor. Mas poderia ter sido.

domingo, 19 de abril de 2015

O que você tem no seu coração?


Tem uma vitrola no meu coração. Ela é responsável pela trilha sonora da minha vida. 

"De onde vem o jeito tão sem defeito que esse rapaz consegue fingir? Olha esse sorriso tão indeciso", tocou, logo que viu o cara por quem, um dia depois, me apaixonei. O primeiro LP repetiu-se nas três ou quatro semanas que o moço cegou-me. Foram 12 canções cheias de "It's just a spark, but it's enough to keep me going" com uma pitada de "O meu desespero é que quando acaba: você fica inteiro e eu fico o pó".

Não ouvi. Me joguei nessa aventura descabida.

Criou mofo na vitrola.

Ela parou de tocar, lentamente substituída pelas canções que o cara dizia serem melhores do que as minhas. Fiquei um tempão ouvindo o que a vitrola dele tinha a dizer. E dizia juras de amor "So if you're lonely, you know I'm here waiting for you. I'm just a crosshair". Ele nunca obrigou-me a ouvir, talvez por isso aquietou-se (a minha vitrola). Não deu um pio - tinha vergonha.

Até que o rapaz me machucou, quis, inconscientemente, que a playlist inteira dele tocasse dentro de mim. E algo no meu coração não queria que coubessem outros LPs ou um single que fosse ali. O medo do que poderia acontecer era a razão da rejeição - por isso doía. "Hate to say I told you so. Alright. Come on. I do Believe I told you so" - minha vitrola voltou a tocar, receosa. E eu sabia, ouvira seus avisos por quatro semanas.

Ela cutucou meu coração, questionando "Now, I need to know is this real love or is it just madness" - quis a verdade.

Hesitei. Apenas loucura, sussurrei.

Decidi esquecer o rapaz. A vitrola voltou a tocar. Tocou músicas que faziam meu corpo inteiro vibrar. A dor foi sumindo até que restou apenas saudade. "I got out, I got out, I'm alive and I'm here to stay. Hey, hey it's fine, I left it behind"


Trechos de:
DE ONDE VEM A CALMA - Los Hermanos
LAST HOPE - Paramore
UM SÓ - Clarice Falcão 
TAKE ME OUT - Franz Ferdinand
HATE TO SAY I TOLD YOU SO - The Hives
MADNESS - Muse 
TWO FINGERS - Jake Bugg

sábado, 14 de dezembro de 2013

Carta para uma Thais adulta.


14 de dezembro de 2013

Querida Thais do futuro,

Como você está?

Hoje é seu aniversário! Quantos verões você já comemorou desde o dia em que eu escrevi isto pela primeira vez? Já conseguiu conquistar todas as metas da sua vida? Você ainda lembra para quantas pessoas prometeu sua amizade eterna? Você pelo menos ainda mantém um mínimo de contato com eles? Porque eles eram seus melhores amigos e você até chorou quando foi embora. Você lembra quem são eles, e lembra dos seus sobrenomes e suas personalidades? Você conheceu novas pessoas? Abandonou as outras? Você sabe o quanto no fundo eu queria que fosse pra sempre. Por falar nisso, continua desacreditando no pra sempre? Você descobriu se aqueles seus "amigos" que saíram da sua vida do nada eram realmente seus amigos? Quebrou a cara tantas vezes como eu imagino?

Ah, espero tanto que você tenha conseguido comprar a casa dos sonhos da sua mãe. Como ela está, aliás? Feliz? Ela finalmente está aproveitando tudo que ela sempre mereceu? E seu pai? Ele conseguiu um bom emprego para mostrar como ele é excelente em tudo? Você vê ele sempre agora? Não me diga que o vê uma vez em anos... Você já passou muito tempo longe dele! E seus irmãos? Eles estão bem sucedidos como espero que estejam? Como eles são grandes, crescidos, adultos? Continuam os mesmos? Oh, Deus, espero que vocês não tenham brigado e ficado distantes sem saber notícias uns dos outros. Você continua orgulhosa dos irmãos que tem?

E como vai sua saúde? Você tem cuidado da sua alergia? O alzheimer já te atacou? Você continua esquecida e avoada como sempre foi? Conseguiu arranjar o trabalho dos seus sonhos ou ao menos descobriu qual é o trabalho dos seus sonhos? Não venha me dizer que está atrás de um balcão de escritório desperdiçando todo o talento que tinha. Também não me diga que ficou presa na sua cidade natal sem fazer o tur mundial como sempre desejou.

E seus amores? Continua se apaixonando pelos caras errados ou já encontrou sua alma gêmea? Você não anda tentando destruir seus próprios relacionamentos como costumava fazer, certo? Diga-me que finalmente encontrou o rapaz dos seus sonhos! Já casou? Sua festa de casamento foi a sós com seu noivo em algum lugar do planeta, como você sempre quis? Ele é um cara bacana? Ou você simplesmente virou uma senhora que cuida dos idosos no asilo da sua cidade? Espero pelo menos que esteja fazendo algum bem à humanidade.

Como está a humanidade? Continuam destruindo o mundo? Ainda existem árvores? Por favor, diga-me que sim! Não quero ver meus filhos e netos morrendo porque vocês destruíram o planeta. Você já tem filhos? Quantos e quais seus nomes? Não vejo a hora de conhecê-los, fico ansiosa só de imaginar a possibilidade. Você vai educá-los como foi educada, certo?

Não quero ouvir que seu maior sonho é voltar no tempo, ou que sua vida foi desperdiçada, ou que não vê sentido em viver. Enfim, eu só quero que você esteja muito feliz, independente de qualquer pergunta não respondida. Que você tenha feito as melhores escolhas que poderia, e que, caso você não tenha feito nada disso... FAÇA! Ainda dá tempo, acredite.

Com carinho,

Uma Thais adolescente.

Ps: Este texto também está programado para ser publicado daqui exatos 10 anos, eu não ia escolher data, mas achei melhor já deixar programado, já que provavelmente eu vou esquecer que esse texto existe. Espero que este blog exista até lá! Se não existir, eu dou um jeito de ler esse texto novamente. Vocês ainda verão a resposta para essa carta (espero)!

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

A gente só dá valor quando perde.


Seu último adeus foi tão ordinário que eu nunca perceberia a gravidade da situação. Foi tão repentinamente e sem explicação que não pensei em hipótese alguma que seria o seu último adeus. Foi um "tchau" lotado de mistérios e remorsos que na hora passaram despercebidos. No entanto você sempre fora assim meio desligado, cheio de estranhezas que eu nunca consegui decifrar. 

Mas é claro que eu deveria ter prestado mais atenção no seu olhar de saudade quando me olhou nos olhos exatamente como no dia em que nos conhecemos. Era o mesmo olhar tomado de incertezas e sentimentos que, honestamente, eu nunca consegui corresponder. Infelizmente, este último olhar, diferente do primeiro, transmitiu uma tristeza que - idiota eu - não percebi.

Talvez se seus olhos tivessem permanecidos fixos aos meus por mais alguns segundos antes de você ter saído do nosso cantinho lá de casa, nada disso estaria acontecendo. "Disso" trata-se de um sentimento tão estranho quanto as suas estranhezas. A questão é que eu não entendo de sentimentos (e você sabe muito bem disso) assim como não te compreendo.

Sua escala de cinza era tão infinita. Era impossível saber o que você queria, e quais eram seus sonhos ou os seus anseios. A minha escala de cinza era nada mais nada menos que apenas preto e branco. E de repente, quando você saiu da minha vida essa escala se duplicou... Triplicou... Finalmente tornando-se tão cinzenta quanto a sua. E todos os sentimentos enterrados simplesmente explodiram como um carnaval de sensações. Eu queria ter sentido isso antes, sabe? 

Queria que você conhecesse meu olhar de saudade, que visse que finalmente entendi o que é sentir. Queria que tivéssemos um final feliz como nos filmes idiotas de romance que você sempre convencia-me a ver. Queria que você fizesse parte do futuro que eu nunca planejei. Só queria, pela primeira vez, ser a guria que te faz feliz. Mas é tarde, não é? Aquela foi a sua decisão e eu só percebi o quanto você importa depois que te perdi. 

Maldito ditado popular. 

Me traz de volta.

domingo, 22 de setembro de 2013

Teu cheiro.


Eu não sou muito boa com cheiros. Nem um pouco, na verdade. Essa coisa de cheiro bom e cheiro ruim... É tudo muito relativo. Primeiro que meu olfato sofre de algum distúrbio olfacular que não permite que eu sinta um terço do que as pessoas sentem normalmente. Não que eu tenha feito qualquer pesquisa sobre isso, até porque a palavra olfacular nem deve constar no dicionário. Apenas imagino que meu cérebro trabalhe da maneira que ele acha adequado. 

Dizem que sou sinestésica, por isso consigo sentir cheiros apenas pensando neles. O que deve ser mentira, levando em conta meu auto-diagnóstico que afirma um distúrbio olfacular. Minha mãe quem o diga. "Mãe, você está fazendo frango assado?", ela respondia logo "Não, filha, é abobrinha".

O ponto em que quero chegar é que: agora tudo cheira a ti. É como aquelas pessoas que vêem seus amados em todas as esquinas, só que um pouco diferente. Porque eu sinto seu cheiro, o melhor cheiro do universo, se quer saber.

Normalmente não preciso pensar em você para o seu cheiro aparecer. Talvez seja alguém que esbarrou em mim e deixou o ar com um pouco de ti, o que prefiro não acreditar, pois seu cheiro é seu, e fim. Não deve existir qualquer explicação plausível para tal fenômeno (ou seja lá o que isso for), já que te sinto neste exato momento e estou em uma sala fechada, livre de qualquer circulação de ar.

Seu cheiro virou remédio pra minha dor de cabeça.

Mas de repente... Transformou-se em saudade.

E mais de repente ainda, passou a consumir-me... Tanto, que por vezes preferi que seu cheiro desaparecesse. Prefiro senti-lo em ti. Quando sua nuca chega bem perto do meu nariz, meus olhos se fecham e todo o resto do mundo parece sumir.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Ame menos.


Teus olhos te denunciavam, garota. Era fácil demais te ler. Te lia nos mínimos detalhes, sem você precisar ter escrito uma palavra. Seu diário não dizia nada mais do que eu já sabia só de te olhar. E naquele dia, minha menina, eu vi a tristeza que você carregara durante o último mês que obriguei-te a não me ver. Você mordia seus lábios para calar teu choro. Um choro que queria a todo custo sair. Mas seu orgulho nunca deixara espaço pra demonstrar qualquer fraqueza perfeitamente aceitável, não é, menina?

Meu sumiço fora necessário.

Talvez assim, garota, você finalmente esquecesse que um dia amou-me. Talvez, pequena, deixar de me ver fosse a melhor coisa pra você, porque não era pra mim. Você sempre soube que eu gostava de ti. Mas você amava-me. Amava-me tanto que eu nunca conseguiria retribuir uma migalha desse sentimento. Meu sentimento não era suficiente pra você, eu sabia disso. Você, não. Você não sabia que seu sentimento era tão grande. Você não sabia que sofreria tanto só dos teus dedos deixarem de procurar pelos meus enquanto estes tentavam afugentar-se.

Eu soube que ainda me amava quando seus olhos imploraram-me por um amor que eu não sentia. Você soube que eu tive pena. E foi isso que te fez erguer a cabeça e virar para o lado oposto ao que eu estava. Você é forte, minha menina. Talvez você realmente seja a garota feita pra mim. Talvez eu me dê conta disso tarde demais. Talvez eu já saiba disso. Talvez... Talvez eu só deseje que você encontre alguém que realmente te ame como você me amou. E espero que você ame menos. Porque quem ama menos não passa noites sem dormir, nem acorda com os olhos inchados. 

Porque você merece amar menos de vez em quando, garota.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

There is something beautiful.


     Tudo parecia barulhento demais naquela varanda outrora silenciosa. Por que eles não te gostam de ouvir, como eu? - pensei, indignada. Não fazia sentido estarem alheios a tamanha beleza. Talvez ouvir-te tocando aquele violão (que recusava-se a afinar), fora a melhor coisa que poderia estar acontecendo. E mesmo que eu fosse a única ali - quase colada a ti - que quisesse te ouvir, era óbvio que aquele era um momento que deveria ser guardado.
     Te ouvir era tão bom que eu poderia deixar tudo de lado só pra ver seus dedos dedilharem à vontade naquele monte de cordas, que acompanhavam sua voz aos sussurros cantando músicas que eu sequer fazia ideia que existiam, mas que soavam perfeitas interpretadas por você.
     Percebi que não te ouvia há tempos, pois mal lembrava da tamanha habilidade que você carregava. Seus dedos, mais ágeis que antigamente, faziam um trabalho belíssimo executando solos e dedilhados que eu nunca aprenderia. Sua paixão pela música gritava dentro do teu peito, querendo explodir, querendo dizer pro mundo que dinheiro nenhum pagaria sua felicidade por ouvir aquelas notas que saiam do teu violão.
     Era tão bonito.
     Eu quis chorar, uma hora. Mas chorar em público não estava nos meus planos. Só que era tão bonito. E eu tive tanta saudade disso que desejei que aquele momento nunca mais acabasse. Era incansável. Você era incansável.
      Senti saudade de como tudo era antes. De te ver todos os dias, te abraçar.
     Perguntei-me se alguém estaria amando-te tanto quanto suas canções soavam apaixonadas. Perguntei-me se estariam cuidando de ti, como você sempre cuidou de mim. E perguntei-me se este alguém também gostava tanto de te ouvir como eu. Porque deveria.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A garota de volta então.


Passou despercebida pela maioria por ali. Seus passos eram tão rápidos que mal pude notar as lágrimas que caíam de seus olhos. No entanto, por algum motivo o tempo parou para eu vê-la em câmera lenta - como nos filmes quando mostram alguma beldade com os cabelos a voar - e apesar da sua cabeça baixa ocultar toda a tristeza que carregava em si, eu percebi.

Cogitei milhões de histórias com finais tristes, e cheguei a conclusão de que aquele não era seu final. Parecia mais com o precipício que todos nós tropeçamos num certo momento da vida. Portanto também não acreditava que seu final seria feliz - não acredito em finais felizes -, mas que aquele definitivamente ainda não era seu fim. Tinha muito o que viver. Era notável sua inexperiência, sua sensibilidade, e o medo que transbordava seu peito. Tinha medo de viver. De sofrer novamente. De amar. Amor... o que é isso afinal?

Também não descobri, garota. Eu quis gritar.

Seu jeito de andar entregava a menina cheia de sonhos destruídos. Devia ter procurado o príncipe encantado e nem sapo apareceu. Talvez ela fosse dessas meninas que vivem nos livros que adoram iludir as mentes mais frágeis. Talvez ela tenha decorado diálogos que não terminaram como o planejado. No entanto, quem sou eu para dizer o que aconteceu à ela naqueles dois ou cinco últimos minutos. Talvez ela estivesse chorando por dias a fio.

Tive vontade abraçá-la e dar conselhos com metáforas sem sentido, protegê-la daquele mundo que não era o dela, fazer papel do príncipe encantado, e até trancá-la numa torre para ninguém mais machucá-la. Só que não era justo, eu sabia. Deixei-a correr pra longe de mim. Amanhã ou depois, quem sabe, ela não esbarra em mim e descobre que eu sou o cara da vida dela...

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Things you should never know


     I'm trying not to care.
     Sometimes I wanted to be cold. And I wanted to like you less than I do.
     The problem is that I want to marry you, and have children with you (not now, in a distant future). But I don't want you to know this because you would run away.
     I just want to be with you all the time. But if I do it... If I do it you would think I'm a crazy woman desperate for someone to love. But you are the guy. You are my guy. You are the guy I dreamed of since I was a stupid teenager.
      But I can't also tell you this, because I'm sure: you would disappear.
     So i shut up my mouth and I cry alone at night. However you can't know that because you would think I'm immature.
     I want to be the best for you. I want to be your girl like you are my guy. But it's not being easy... Because I am crazy and immature and I like you. I could say "love", but if I do you would think I'm used to tell the same thing to every guy that crosses my eyes. Which is not true because you are the only one.
     Honey, if you are not my soulmate... if you don't like me the way I do... then I'm lost. But if I'm really not your soulmate, and if you really don't like me the way I like you... please, just tell me and run away. I'll be okay, I promess.

domingo, 14 de abril de 2013

Eu não sou gostável. E você gostou.


Deitou do meu lado e puxou-me para tão perto que meu fôlego quase se foi. Sua respiração gritava no meio de todo aquele silêncio, enquanto meus dedos, antes tímidos, entrelaçavam seus fios de cabelo procurando por outro suspiro seu. Com movimentos um tanto desajeitados, ajeitei-me dentro da concha que seu corpo formava, e fiquei ali. Sentindo-me acolhida, querida. Pensando que eu era a garota mais sortuda do planeta Terra. Porque dentre todas as outras pessoas do mundo, era comigo que você estava. Comigo e com todos os meus milhões de defeitos. Comigo e com todas as minhas paranoias que ainda não te enlouqueceram.

Eu não sabia se te teria de novo daquele jeito. Só conseguia pensar em quanto gostaria que ficasse ali pra sempre. Sempre mesmo. Quem sabe umas vinte e cinco horas por dia? Eu não enjoaria, juro. Não enquanto seu corpo aquecesse o meu, e seu nariz roçasse meu pescoço, sua boca tocasse a minha, seu cheiro ficasse no cobertor, seus braços me apertassem pra ti, ou seus olhos fitassem cada centímetro do que eu sou por dentro. Não enquanto eu pensar que sou a única garota das suas madrugadas, ou enquanto você deixar um compromisso pra ficar comigo, ou até enquanto você me puxar de volta em todas as minhas tentativas de fuga. 

Então dormimos. Dormimos, apenas. E mal sabe você que acordei por vezes durante a madrugada imaginando que aquilo era mais um dos meus infinitos sonhos - que nunca passaram de sonhos. Felizmente, todas as vezes que acordei descobri quão real você era. E quando acordei de manhã... Ah, quando acordei de manhã você ainda estava lá. Dormindo com uma feição tão serena quanto imaginei que seria. Provavelmente cansado por dormir naquele colchão improvisado. Mas estava lindo. Tão lindo. Tanto que te olhei até decorar cada curva do seu rosto. Tanto que até o tempo parou pra eu degustar mais alguns minutos do que eu não podia ter todos os dias.

Logo seus olhos se abriram, sonolentos. Fazendo meu coração se apertar, agonizar, sabendo que aquilo significava o fim de uma das melhores noites da minha vida. Doeu, porque, infelizmente, aquele poderia ser o primeiro e o último dia que ficaríamos juntos daquele jeito. Mas deixei todos esses pensamentos de lado. Sorri. Sorri, porque você estava ali, afinal.

quinta-feira, 7 de março de 2013

A lua desta noite.


     Como está a lua aí?
     Porque aqui ela está impressionantemente mais exuberante que nunca. Tão grande que me atreveria a dizer que você usou dos seus truques para trazê-la mais perto de mim, desregulando todo o clima da outra metade do planeta - exatamente como no filme de sexta-feira. Se quer saber, a Terra já nem parece tão gigantescamente maior do que ela realmente é, comparada à lua de hoje.
     Imagino se algum dia mudarei pra lá. Imagino se você mudaria pra lá comigo, caso eu mudasse. Devo informar-lhe que não levaria mais ninguém do mundo senão você, isto porque teria ciúmes de dividir um lugar tão bonito com qualquer outra pessoa. E se cansarmos de brincar com a gravidade, se cansarmos de ver a Terra de lá, voltamos para cá.
     Hoje, enquanto olhava a lua, perguntei-me se você estaria a observá-la também. Você sabe, nos filmes quando a personagem olha pra lua é porque sente saudade de alguém, sem fazer ideia de que esse alguém também está a olhar a mesma lua, na mesma hora. É claro que é bobo. Qual a chance de estarmos olhando pra ela ao mesmo tempo? Uma em mil? Em um milhão? Mas minha saudade não tem fim. Então quando olhar pra ela, cheio de saudade, saiba que também estarei a olhar.
     Hoje, quando olhei pra lua, sabia que escreveria pra você. Talvez... Apenas talvez... Você seja o culpado por ela estar tão mais linda ultimamente - mais ainda do que ela costuma ser. Você deveria estar aqui para a olharmos juntos, e planejarmos como viajaríamos até lá, e pra acabarmos com a saudade acumulada. Mas se estivesse aqui, esse texto não seria sobre saudade, nem sobre lua, nem sobre truques ou gravidade. 
      Seria sobre amor.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Essencialmente você.



De repente você não era mais quem eu costumava conhecer. Por fora continuava o mesmo, e o que eu sentia por você também. No entanto tornara-se o garoto que dava em cima de todas as garotas, e estas corriam desesperadas atrás de ti. Quando abraçava uma delas, me olhava no olho e debochava. Você não era de ninguém, afinal. Muito menos meu. Gostava de se exibir em público e mostrar suas habilidades que surgiram talvez de uma outra vida. Confesso que não entendia por quê você queria aparecer, pensei por um segundo e cheguei a conclusão de que você imaginava que eu sentiria ciúmes. Só que mais que isso, fiquei com raiva por te ver tão decaído daquele jeito, ainda que no fundo você fosse tudo pra mim.

Eu sabia que éramos algo. Você podia não ser meu, mas éramos algo - tínhamos que ser. Abracei-te, olhando para o alto até que enxergasse seu rosto. "Você não se acha muito alto?", perguntei, por um momento imaginando que aquilo teria um duplo sentido ideal para aquele momento. Você apenas sorriu e continuou andando com seu braço direito por cima dos meus ombros. Como se eu fosse tua (o que não era de todo mal). No meio da multidão de alunos desconhecidos, você desenrolou seus braços de mim e me puxou para uma dança que me fez lembrar do dia que nos conhecemos. 

O flashback começou e você se exibia para as garotas do ginásio quase lotado, dançava com uma ginga que nunca fui capaz de presenciar. Puxava as garotas mais lindas pra dançar e ameaçava dar-lhes beijos que elas sabiam que não chegariam em suas bocas. Enquanto me perguntava quão popular você era ali, alguém empurrou-me, jogando-me em você, que sem nem hesitar tirou-me para dançar uma dança que, honestamente, não fazia ideia de qual era. Tentei seguir seus passos, e logo entendi o assanhamento das meninas por você. Você olhou-me os olhos e sorriu, aproveitando-se da minha descoordenação que não existia minutos atrás.

Voltei ao presente no mesmo segundo em que quase me derrubou num dos teus malabarismos. Paramos, e quando sentamos num dos bancos ali perto, dei-te três beijinhos de desculpas adiantadas e sai correndo, fugindo. Corri o mais rápido que pude, passei por ruas obscuras e árvores que se juntavam formando uma só. Não queria olhar pra trás e correr o risco de decepcionar-me por não te ver me seguindo.

E então acordei. Sem saber se você fora à minha procura ou continuou no seu mundo que eu desconhecia. Concluí apenas que seu comportamento tomou um rumo diferente e totalmente inesperado, portanto sua essência permaneceu a mesma, fazendo-me gostar de ti da mesma maneira que gostaria se fosse um milhionário metido ou um criminoso sem teto.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Desapareci.


Num minuto ali, e no outro noutro lugar. Fui sem avisar, não deixei rastros ou migalhas. Não queria ser encontrada. Por isso espero que no meio do caminho você não se lembre do perfume que eu costumava usar especialmente para encontrar-te, porque ainda posso sentir resquícios dele escondidos comigo. Você sabe que é mais fácil assim, sem abalar-me com palavras que sei que sairiam da tua boca. Não deve ser complicado entender, mas se tentasse obrigar-me a falar, eu não conseguiria mais olhar seus olhos do mesmo jeito. Ainda assim, escondida, meu corpo pede por você! Meus dedos procuram os seus na cadeira vazia ao lado, minhas pernas abraçam as milhares de almofadas que simulam seu corpo, e meu coração bate mais rápido quando te vê nos sonhos que pouco me lembro.

Dias atrás, enquanto você me olhava nos olhos implorando por uma resposta da pergunta casual que não prestei um teco de atenção, tudo que eu conseguia pensar era em quão irritado você ficaria se eu tentasse te beijar. Será que valia a pena arriscar nossa amizade? Maldito amigo. Quero mais que isso. E você nunca saberá, porque eu fugi acovardada pelo medo de não ser correspondida. Isso mesmo que sou: uma covarde. Pelo menos meu coração ainda está intacto, sem ferimentos graves nem possíveis fraturas irreversíveis. No entanto, lá no fundinho, tenho esperanças do teu coração olhar pro meu e se apaixonar. Se isso acontecer, nós - eu e meu coração - esperamos que você nos diga como é isso, para gritarmos que sempre sentimos o mesmo.

Até lá tentarei conformar-me com seus sorrisos no meio da multidão, e nossos olhares que se cruzarem (o meu imaginando que você guarda um amor enorme por mim). Me conformarei que nossa história é só mais uma, como todas as outras. Me contentarei esperando ansiosamente que você veja o quanto somos feitos um pro outro. Me contentarei mesmo sabendo que sua resposta poderia, quem sabe, ser um sim. Um sim. Quem dera. Um sim.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Doce madrugada.



     A última vez que a vi numa das madrugadas que, segundo ela, é o horário mais lindo do dia, foi encantador. Neste dia ela usava um shorts surrado que valorizava suas pernas torneadas, junto com uma blusinha delicada que contrastava com a parte de baixo, fazendo tudo ser tão ela que não poderia ser mais ninguém. Reparava em todos estes detalhes, porque impossível seria não reparar. Conheço-a por completo, mais até do que ela mesma. Seus olhos são grandes e incansáveis, sua boca fina e macia - que faz toda a diferença quando beija meu rosto. Seu sorriso tem gosto de primavera, e sua voz... Ah, sua voz aos meus ouvidos, perfeita. Pareço um louco apaixonado, e não posso negar: Sou.
     Voltando à madrugada, seu rosto ameno me dava calafrios, calafrios bons, se quer saber. Ela continuou andando, enquanto meus passos diminuíam para observá-la do jeito que eu mais gostava. Na cabeça dela, eu tinha certeza, tocava sua música preferida - que segundo ela era a música da sua vida. De repente, diferente de todas as outras noites, seus pés começaram a caminhar um atrás do outro, a cintura acompanhava o ritmo que só ela escutava, e seus braços levantavam seguindo o tempo que ela contava inconscientemente, numa dança que aos meus olhos só poderia ser sensual. Logo rodopiava balançando a cabeça e os dedos em movimentos delicados, fazendo aquela rua, quase sem asfalto, tornar-se palco de estrela. Seus olhos se fecharam e seu sorriso se abriu. Aproveitou cada segundo da música de três minutos ou menos. Aproveitou de verdade. Quando terminou, ainda sem cantar nenhuma palavra em voz alta, relaxou os músculos e continuou a andar como se nada tivesse acontecido. Procurou-me dos lados, e sorriu quando me viu atrás dela, parado, com uma lágrima que - felizmente - ela não conseguia ver.
     - Vamos! O que está esperando? - Perguntou-me, dando aquele sorriso (o que eu nunca conseguirei descrever). Ah, aquele sorriso.
     Corri até alcançá-la, ansiando ter gravado aquela cena afim de nunca mais esquecer. Porém feliz, por ter tido a oportunidade de presenciar um dos dias mais lindos da minha vida.

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