sexta-feira, 24 de abril de 2015

Não foi sobre amor.



Eu nunca te amei. Mas hoje senti sua falta. 

Lembra do dia que você fez a melhor baliza do mundo, no meio de dois carros que estavam muito mais juntos que o normal? Senti falta disso. Da sua habilidade com carros. Das fininhas que tirava ao passar perto e rápido demais de qualquer outra coisa. Senti falta do frio na barriga que isso me causava (misturado com a certeza de que eu estaria a salvo nas suas mãos). Quantas foram as vezes que andei contigo e senti-me sua mulher... Sua companheira! Você tinha um ar de grandeza quando dirigia. Parecia um homem revestindo o corpo de um menino.

Senti falta do nosso sexo. Eu adorava nosso sexo! Provavelmente um dos topos da lista de melhores na cama (não que eu tenha uma lista). Mas você se importava. Com você, mas principalmente comigo. Eu amava só deitar contigo depois. Você geralmente falava demais e por vezes eu não prestei atenção no que saía da sua boca... O que me chamava a atenção eram outros detalhes, como seu sorriso bobo quando contava uma piada que eu fingia ter achado graça, ou sua barba por fazer que te fazia cócegas quando eu o acariciava.

Sinto saudade de estar do seu lado. De me envergonhar quando você entrava na sala onde eu trabalho. De pedir pra você ficar só mais um pouquinho e conseguir fazer você ficar até a madrugada. Saudade de ser idiota e não me sentir inferior por isso, porque você sempre foi meu companheiro de idiotice. Sinto falta até de você soltando pum e dando risada, porque só soltamos pum na frente de quem realmente gostamos.

Eu nunca te amei, mas o tanto que você me fez bem foi suficiente pra eu nunca te esquecer. E, de verdade, eu nunca esquecerei. Você será sempre uma parte da minha vida de eternas boas lembranças. Tudo com você era bom demais pra ter sido amor. Talvez fosse algo perto disso. O que nós tínhamos era leve demais, livre demais, saudável demais. Você preenchia o buraco do amor com outras coisas que só você tinha. Qual era o seu segredo? Nunca descobri. Talvez... um dia se tornasse amor. Sabe aquele tipo de amor que é construído com o decorrer dos anos e que só cresce, nunca diminui? Acho que é isso. Não foi sobre amor. Mas poderia ter sido.

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