domingo, 26 de fevereiro de 2012

O nosso poste.


Dali, só conseguia ver quatro postes de luz, o quarto ainda queimado, desde dias atrás. Embaixo do primeiro, estava você. Sua blusinha caía no seu ombro, deixando em evidência o que eu procurara esquecer desde aquela última noite. Sua franja cobria qualquer filete de luz que tentasse passar através dos seus fios de cabelo, o que impossibilitava ver seu rosto. Ainda assim era claro que não estava feliz. A parte boa era que eu estava em um lugar estratégico para que você não me visse, o que me dava pontos a mais. O motivo de você estar ali, era o mesmo de sempre. Você dizia que embaixo daquele poste a visão daquela rua lhe trazia boas lembranças, boas energias. E é claro, aquilo tinha a ver conosco, mas você nunca falava sobre isso quando eu perguntava.
Desde aquela noite, tenho te observado todos os dias após sua rotina de trabalho. E em todos esses dias, você passou por essa rua, olhou as mesmas casas e parou de baixo do mesmo poste. Nessa noite, diferente das outras, você me surpreendeu quando pegou seu celular e discou um número qualquer, que eu não pude identificar. Colocou o celular no ouvido e esperou, no ritmo das batidas do meu coração. Na terceira batida, senti meu celular vibrar. É claro, era você. Esperei mais dez batidas aceleradas, até que tomei coragem para atender.
- Oi.
- Vem aqui... Você sabe, o nosso lugar. Me desculpe por todas aquelas palavras, sei que não foram certas. Tudo bem, nem um pouco certas. Venho aqui por dias e tudo que consigo sentir é a falta que você faz na minha vida, e nas minhas noites de baixo do nosso poste...Vem aqui. Volta para mim.
Você sabe por quantos dias ando preocupado contigo? Tem noção de quanto você fez falta na minha vida? Toda aquela indiferença não fez sentido algum para mim, e agora você vem querendo se desculpar. Foi o que eu pensei em dizer. Mas respondi:
- Estou indo.

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