segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Proditório, aleivoso, desleal.



Travei. Aquele não era nem de perto o final que eu planejara. Não o desfecho traiçoeiro que arrancou de mim o que eu chamava de coração. Minha reação não poderia ter sido pior. Queria que, naquele momento, meu orgulho estivesse à flor da pele para que tu não visse como me despedaçara até o último fio de cabelo. 
Não deveria ter deixado que me visse arrasada daquele jeito.
Afinal, todas as mesmas cenas de todas as novelas, filmes e livros que infiltraram na minha mente não serviram para nada. Porque a realidade era bem diferente daquilo. Sempre planejei erguer a cabeça e sair sem ser notada para eu mesma dar fim a relação que terminara no momento em que a vi contigo. "O que foi que eu fiz?" você questionaria se fazendo de coitado, tentando me convencer que a mentira que sempre me contara era verdade. "Você sabe" eu responderia olhando dentro dos seus olhos, ironizando até a morte, massacrando-o nos meus pensamentos, sem lágrimas, sem remorsos.
Mas a realidade é outra. E eu caí. Me apunhalaram pelas costas e eu fiz questão de mostrar o quanto doeu. Sempre fui uma tola, era de se imaginar que minha fraqueza tomaria conta do momento, me envergonhando pela... Milésima vez? Talvez mais.
Você nem correu atrás de mim depois que nossos olhos se encontraram pela segunda vez. Segunda vez. E eu corri daquele lugar aterrorizante com os olhos transbordando lágrimas - eram tantas que vinham de não sei mais onde. A última coisa que vi foi seu olhar de dúvida. Tu parou de beijá-la, mas não sabia se ficava ou se corria. E não correu. Não fez nem questão de me procurar para se certificar de que eu não pulara na frente de um caminhão. Não moveu um músculo sequer por mim.
Uma parte de mim ainda queria acreditar que você teve razões melhores do que as que eu podia imaginar, e que queria pedir perdão pelo que tinha feito, que me amava desde sempre. Mas outra parte, a parte sensata, me avisava que aquilo já estava no fim antes mesmo de ter começado. Porque tu nunca me amou de verdade, não é?
Meu coração só fez questão de acreditar no contrário. Até nesse momento (entenda como quiser).

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