domingo, 14 de abril de 2013

Eu não sou gostável. E você gostou.


Deitou do meu lado e puxou-me para tão perto que meu fôlego quase se foi. Sua respiração gritava no meio de todo aquele silêncio, enquanto meus dedos, antes tímidos, entrelaçavam seus fios de cabelo procurando por outro suspiro seu. Com movimentos um tanto desajeitados, ajeitei-me dentro da concha que seu corpo formava, e fiquei ali. Sentindo-me acolhida, querida. Pensando que eu era a garota mais sortuda do planeta Terra. Porque dentre todas as outras pessoas do mundo, era comigo que você estava. Comigo e com todos os meus milhões de defeitos. Comigo e com todas as minhas paranoias que ainda não te enlouqueceram.

Eu não sabia se te teria de novo daquele jeito. Só conseguia pensar em quanto gostaria que ficasse ali pra sempre. Sempre mesmo. Quem sabe umas vinte e cinco horas por dia? Eu não enjoaria, juro. Não enquanto seu corpo aquecesse o meu, e seu nariz roçasse meu pescoço, sua boca tocasse a minha, seu cheiro ficasse no cobertor, seus braços me apertassem pra ti, ou seus olhos fitassem cada centímetro do que eu sou por dentro. Não enquanto eu pensar que sou a única garota das suas madrugadas, ou enquanto você deixar um compromisso pra ficar comigo, ou até enquanto você me puxar de volta em todas as minhas tentativas de fuga. 

Então dormimos. Dormimos, apenas. E mal sabe você que acordei por vezes durante a madrugada imaginando que aquilo era mais um dos meus infinitos sonhos - que nunca passaram de sonhos. Felizmente, todas as vezes que acordei descobri quão real você era. E quando acordei de manhã... Ah, quando acordei de manhã você ainda estava lá. Dormindo com uma feição tão serena quanto imaginei que seria. Provavelmente cansado por dormir naquele colchão improvisado. Mas estava lindo. Tão lindo. Tanto que te olhei até decorar cada curva do seu rosto. Tanto que até o tempo parou pra eu degustar mais alguns minutos do que eu não podia ter todos os dias.

Logo seus olhos se abriram, sonolentos. Fazendo meu coração se apertar, agonizar, sabendo que aquilo significava o fim de uma das melhores noites da minha vida. Doeu, porque, infelizmente, aquele poderia ser o primeiro e o último dia que ficaríamos juntos daquele jeito. Mas deixei todos esses pensamentos de lado. Sorri. Sorri, porque você estava ali, afinal.

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