segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Cartas.


Há certas cartas que nunca serão entregues, assim como os telefonemas nunca discados e as despedidas nunca impedidas. Se as histórias fossem somente perfeitas, de quê dor a poesia iria se preencher? De quê carta rasgada ou deixada jogada e esquecida na gaveta eu falaria? E quais erros futuros nós, todos nós, impediríamos, se não houvessem essas cartas e telefonemas e atitudes desesperadas de agora? E quem eu teria feito ficar? Ah, essa mania de oscilar entre a terceira pessoa do plural e a primeira do singular… Quando a hipótese é bonita, uso o plural. Quando a hipótese dói, uso o singular, como se apenas as minhas cartas e palavras tivessem sido jogadas de lado e deixadas para amanhã ou sabe-se lá quando. Entenda que, em dias cinzentos, tenho mania de achar que as minhas dores são as únicas que se manifestam. Mas o sol chega; as cartas, os telefonemas e os reencontros também. Amém.

Camila Costa.

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