terça-feira, 27 de abril de 2010

Depois de um ano, leremos essas cartas, juntos ou não.


Querida Jordan,
Essa é a história da minha primeira e última vez que eu me apaixonei. Pela linda, complicada e fascinante mulher que habita minha alma. Eu tenho certeza que você vai me deixar amanhã, então eu vou dizer isso enquanto ainda dá tempo. Se a gente estiver junto ou não, você sempre vai ser a mulher da minha vida.
O único homem que eu vou sempre invejar, vai ser aquele que tem o seu coração, porque eu sempre acreditarei que é meu destino ser esse homem. Se a gente nunca mais se ver de novo e você estiver por aí andando e sentir uma certa presença ao seu lado, serei eu. Te amando, aonde quer que eu esteja.
Charlie.
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Querido Charlie,
Oi! Como foi o seu ano? Charlie, eu tenho algumas coisas pra te falar. Quando nos conhecemos eu disse que meu noivo tinha terminado comigo, isso era uma mentira. A verdade é que ele morreu. Ele me deixou uma carta, dizendo que sentia muito, mas que tinha muita dor. Eu fiquei um caco. Eu não podia aceitar isso, sabe? Então comecei a beber, e como você viu, eu não sou muito boa nisso. Eu era constantemente levada para casa por estranhos, em táxis, foi por isso que meu pai agiu assim com você. Honestamente, se você chegar algum dia à conhecer ele, você vai ver que ele é um homem muito bom.
Eu era muito próxima da mãe do meu noivo, eu tentei vê-la depois que ele morreu. Ela disse que tinha uma pessoa ótima que queria me apresentar. Ah, isso nem me passou pela cabeça. Então eu conheci você.
Você até me lembra ele. Vocês dois são confiantes, gentis, fortes, da sua própria maneira. E tinha várias outras semelhanças, elas eram pequenas, mas pareciam importantes. Eu e ele nos conhecemos no metrô, assim como a gente se conheceu. Como você, ele tinha um lenço. Eu estava muito doente na época e ele cuidou de mim, como você fez. Assim que você e eu começamos a nos conhecer, eu passei a sentir uma coisa diferente, eu pensei que era porque vocês eram muito parecidos. Então eu decidi que eu e você iríamos fazer tudo que ele tinha feito, dessa forma seria quase como se ele nunca tivesse morrido, e a dor pararia.
Porque no nosso 33º dia ele levou uma rosa na minha aula, eu pedi pra você fazer a mesma coisa. Porque eu e ele fizemos nossos planos embaixo dessa árvore, eu fiz isso com a gente também. Porque eu e ele tínhamos um restaurante favorito, eu te levei até lá. Porque ele morreu no mar, eu meio que te forcei a cair, e aí eu te salvei. Tudo isso foi maluco, egoísta e errado, e eu sei. Mas o luto deixa a gente assim. De qualquer jeito, não funcionou, e num determinado ponto eu percebi que eu não gostava de você porque você era parecido com ele. Eu gostava de você porque eu gostava de você. E toda vez que eu começava a ficar feliz, eu parava. Eu me sentia mal por me sentir feliz. Eu me sentia errada por esquecer, por não pensar mais nele, nem que fosse só por um minuto. É, eu sentia como se estivesse traindo ele. Tudo que eu conseguia era te machucar, Charlie, e essa não sou eu. Não sou eu mesmo. E algum dia eu espero poder te mostrar isso. Alguma coisa tinha que ser feito, pra gente dar certo no futuro, eu tinha que esquecer meu passado. E pra isso, eu precisava de tempo. Eu espero estar melhor daqui a um ano, e que eu possa estar com você lendo essa carta. Mas se eu não estiver, não é porque eu não amo você, porque eu te amo. E não é porque eu não sinto a sua falta, porque eu já sinto a sua falta. Só significa que ainda não estou bem e que essa história ainda não acabou. Você vai esperar por mim, Charlie? Você pode esperar? Eu desejo com todo o meu coração que você possa.
Com amor, Jordan.

Retirado do filme "Ironias do amor"
Assistam, eu recomendo.

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