sábado, 10 de setembro de 2011

Lembra?




Quando a gente ainda era a gente e a gente estava planejando o fim de semana?
E quando não tinha nada pra fazer e apenas nos abraçamos, torcendo pra noite nunca acabar?
Lembra quando você me conheceu e quando eu te reconheci, e a gente saiu conversando como se a cidade nem fosse tão grande assim, e o tempo nem tão curto assim?
E os ingressos pro show, último show, que deram tanto trabalho pra conseguir? Mas conseguimos e estivemos lá naquela música, nossa música.
Lembra quando a gente não sabia nada da gente e a gente vivia metendo os pés pelas mãos por isso?
Lembra quando eu te falei dos meus sonhos e você me falou dos seus medos, como foi gostoso a gente aprender um ao outro?
E todas as vezes que o abraço estava distante e impossível e a gente só ligou rapidinho, porque a ligação era cara, só pra um lembrar que o outro estava lembrando?
Lembra quando a gente começou, como o coração batia forte?
Lembra como o coração batia forte quando a gente começou?
Lembra quando vieram os tempos das brigas e os defeitos começaram a aparecer?
E você lembra como a gente passou a ignorar os defeitos porque eles nem eram tão importantes assim? E quando um sorria quando o outro estava explodindo de raiva e a gente acabava rindo e desencanando de tudo aquilo?
Lembra como a gente costumava rir de qualquer bobeira e não conseguia desgrudar o pensamento um do outro? E de como era bom esperar o reencontro, porque o reencontro fazia valer a pena cada minuto de espera?
Lembra quando a gente se distanciou a primeira vez? E a primeira vez que essa distância não fez tanta falta assim?
Lembra como foi estranho a primeira vez que a gente conseguiu ficar longe um do outro tanto tempo sem se importar com a distância nem com o tempo?
Lembra como a gente parecia dois estranhos quando a gente se reencontrou e não era mais como antes?
E como foi estranho as coisas mudarem assim tão de repente, tão sem querer, tão imprevisivelmente? Lembra quando nenhum de nós falou nada sobre isso, com medo de a corda estar se arrebentando só de um lado?
Lembra quando nós dois percebemos num olhar que o amor tinha acabado e que nenhum queria assumir? E que nenhum sabia como assumir?
Lembra como a gente teimou em aceitar a verdade, tentando resgatar os melhores momentos do nosso passado pra ver se dava uma levantada nos ânimos, como se as lembranças fossem causas e não consequências do amor existir?
Lembra quando, sem palavras, a gente se distanciou? E quando no mesmo silêncio, entendemos que tinha chegado o fim? Sem por quê, sem pra quê. Lembra?
Lembra o dia seguinte do fim como foi estranho, como parecia que a gente não sabia nada de nada do mundo, da vida, do amor? Lembra no dia seguinte ao dia seguinte como a gente olhava pro nada como que querendo entender se todas aquelas lembranças tinham sido um sonho ou se elas teriam existido de fato? Aquela sensação de déjà vu quando você não sabe se a lembrança é uma lembrança ou se foi um filme que você viu.
Lembra quando nós deixamos nós escapar?
Lembra como foi difícil aceitar que é preciso entender e aceitar o fim, a separação, a morte, a conclusão da história? E que nessa hora precisamos de toda força e fé pra nos manter em pé, mas é justamente nessa hora que ficamos totalmente sem força e sem fé?
Lembra como foi bom dormir e acordar com o outro do lado e como foi ruim acordar do sonho?
Será que você lembra tanto quanto eu lembro?
Lembra?

Um comentário:

  1. Eu amoooo o jeito que vc escreve!! sempre consigo me indentificar , e me encontrar ao longo dos textos, reviver várias partes de minha vida!!!



    Beeeijos!
    www.qbaguncinha.blogspot.com
    @blogQB

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