Algo naquele lugar não estava me fazendo bem. E não era mais o efeito do álcool que eu acabara de beber. Era alguma outra energia que meu cérebro não conseguia identificar. Eu ao menos sabia onde eu estava. Mas não era bom. Tinha cheiro de podridão. A música que pairava no ar apenas piorava todo o ambiente misterioso, pois ela vinha só. E não era uma música escolhida aleatoriamente, pois soava um tanto familiar. Enquanto meus olhos sondavam o lugar, meus pensamentos não paravam de gritar que a escuridão nunca havia me perturbado tanto quanto naquele momento. Senti um súbito gelo raspando minha nuca.
Até que ela chegou.
Nunca a vi tão deslumbrante assim.
Onde eu estava afinal?
"No seu inconsciente". Ela me respondeu, como se ouvisse o que eu pensava.
"E o que tudo isso quer dizer?". Olhei ao meu redor.
"Que você precisa renovar seus conceitos sobre a vida. Se ainda não percebeu, você não está fazendo bem a si mesmo. Se embebedando por aí, vivendo aos becos com pessoas mais sujas que você. E ainda me desejando como peça primordial da sua vida. Entenda que não sou um objeto que pode ser usado da maneira que bem entender. Não faço mais parte da sua vida. Aquela 'nossa' música, não é mais nossa. Não é mais minha. E não é mais sua". Ela sorriu, deixando sua mão escorregar ao lado da cintura, me permitindo ver a faca que ela segurava junto com um corte próximo ao pulso. "Mas se essas palavras não te foram úteis... Continue nessa podridão" - lentamente aproximou a faca do seu lado esquerdo do peito - "Apenas lembre-se que eu não estarei mais por aqui."
Thais Katsumi.
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