sábado, 16 de junho de 2012

Trocas.


Um som familiar acordara suas olheiras em mais uma manhã. Era o cantarolar dos pássaros que nunca esqueciam de pousar no parapeito da janela do seu quarto. "Tão lindo" - sorriu enquanto levantava esticando-se toda.
"Deve ser porque dou-lhes comida" - pensou, trazendo uma vasilha que transbordava farelo de pão e bolacha. Mas não se importou. Ofereceu-lhes o farelo na palma da mão.
E sorriu, ao ver como eles não tinham medo da criatura gigante que dava-lhes comida. "É uma troca bem justa, não acham?" - sussurrou delicadamente. "Dou-lhes alimento em troca de belas canções matinais. É como os princípios da vida. Damos dinheiro em troca de cobertor. Construímos amizades em troca de ombros para chorarmos nossas mágoas. E namoramos e casamos em troca de alguém para toda a eternidade".
Ela sorriu. "Só espero que não me troquem por alguém que lhes deem mais que eu".

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