quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Meu quase suicídio.



Ele gritava comigo, inundado de remorso, sem piedade nenhuma. E desta vez não era por causa de outro homem. Era porque na noite anterior eu tentara me suicidar. Foi uma tentativa ridiculamente falha, como podem ver. Talvez tivesse sido melhor arrumar um método mais rápido, sem dor, e que não tivesse chances de uma súbita tentativa de ressussitamento. A culpa não era dele. Ou pelo menos era nisso que eu gostaria de acreditar.
Reparei que o soro ainda corria pelas minhas veias, recuperando um corpo quase perdido. Tive vontade de chorar quando ele disse que se afastaria de mim caso eu cometesse outra tentativa de suicídio. Logo que viu uma lágrima caindo dos meus olhos, começou a gritar ainda mais, dizendo que não era para eu me fazer de coitada, afinal, eu tentara me matar para apenas chamar sua atenção. O que não era verdade.
Alguns minutos depois chegaram médicos avisados por alguém sobre o barulho que meu marido fazia num local inapropriado. Então, finalmente se acalmou. Mas antes de me deixar falar qualquer coisa, acrescentou mais calmo:
"Eu li a sua carta de despedida. Desculpe-me se fui tão ausente na sua vida, e se meu trabalho atrapalhou nosso relacionamento. Eu queria te surpreender todos os dias com uma flor qualquer, chegar mais cedo em casa, e te fazer cafuné antes de dormir. Sei que perdi muitas noites contigo para relaxar com meus amigos. Sei que deveria ter te dado o filho que tanto queria. Mas eu precisava de tempo. Fui egoísta, sim. No entanto, querida, mais do que nunca, não tenho dúvidas do meu amor por você. No fundo sempre soube que você é a mulher da minha vida. Você acha mesmo que todos os motivos que você listou eram suficientes pra acabar com o amor que sentimos um pelo outro? Porque, meu amor, pra mim não são. Se estou contigo, é porque te amo. E te amo pelo que você é. Não adianta querer mudar. Você é linda da sua maneira. E te ver estatelada naquele chão gelado foi como se tivessem arrancado minhas pernas sem dó. Se você morresse, querida, como eu poderia viver? Você pelo menos pensou nisso?"
E então ele chorou... Nós choramos. E eu ainda tinha tantas perguntas para lhe fazer; entretanto, ele me deu novamente um motivo para viver. Era a mesma promessa de sempre, mas eu acreditei.

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